bão, palavra para 2003? ação.
31.12.02
Revista Time seleciona os dez melhores filmes de 2002
(um pouco resumido...)
1) "Fale com Ela", de Pedro Almodóvar, Espanha
"Fale Com Ela" conta a história de duas jovens mulheres, ambas em estado de coma, e dos dois homens que as amam. Onde acaba a devoção e onde começa a obsessão? Como pode um estupro se transformar em milagre? Como pode um final perfeito acabar se parecendo com um começo perfeito? Almodóvar fornece todas as respostas neste filme que mais se parece com um milagre imprevisível.
2) "Gangs de Nova York", de Martin Scorsese, EUA
Daniel Day-Lewis e Leonardo DiCaprio cultivam a sua rivalidade neste afresco monumental onde desfilam a avidez, a ambição, a traição e o ódio que, de tão extremado, se aproxima da morte. O que essas emoções perturbadoras acabaram criando? A cidade americana. E, aqui, um filme épico grandioso e brutal.
3) "Russian Ark", de Alexander Sokurov, Rússia
Se fosse preciso apontar alguma vez um filme que exige ser visto duas vezes, este aqui deveria ser escolhido como exemplo: ele nos conduz para uma visita guiada do Museu Hermitage que, durante 150 anos, foi o Palácio de Inverno dos czares. Numa primeira sessão, vale respirar a atmosfera e a intriga, enquanto a família real dos Romanov circula pelos extensos corredores, dança em bailes suntuosos (onde 800 figurantes comparecem em fantasias de época) e decreta sentenças de morte ou ainda torna-se vítima delas. Numa segunda sessão, é preferível concentrar-se no trabalho de filmagem e nos movimentos da câmera - uma vez que o filme inteiro é constituído de uma única tomada de Steadycam de 87 minutos! Talvez seja uma das técnicas de filmes mais estupendas já experimentadas, e Sokurov tira dela o melhor partido possível, graças à velocidade, à graça e ao equilíbrio impossível demonstrados pelo jovem Jackie Chan. Qual filme poderia ser mais espantoso que Russian Ark? Somente o seu Making of...
4) "Devdas", de Sanjay Leela Bhansali, Índia
Não existe nenhuma introdução mais sedutora e rica em cores à estética de Bollywood do que este espetáculo inteiramente cantado, dançado e repleto de mil fogos. O enredo, baseado numa novela escrita em 1917, não passa de uma apologia dos bons e velhos valores familiares: um rapaz rico (o galã universal Shahrukh Khan) sai de casa, abandona a namorada (a ex-Miss Mundo Aishwarya Rai), flerta com uma prostituta (a experiente Madhuri Dixit), e sofre nobremente. Além de tudo, "Devdas" é um encanto visual, com imensos sets de filmagem, roupas fabulosas e pessoas lindas para vesti-las; possui um esplendor que os velhos magnatas de Hollywood teriam adorado.
5) "Minority Report - A Nova Lei", de Steven Spielberg, EUA
Estimulado pela oportunidades de interação das imagens com o roteiro que proporciona o trabalho de abertura e de atualização dessa história escrita por Philip K. Dick em 1955, Spielberg cria um amálgama do futuro com o passado, de uma grande beleza plástica. Ele também mostra-se respeitoso da visão original de um grande autor de ficção científica, sem contudo deixar de divertir os milhões de espectadores ordinários que não conhecem Dick.
6) "A Agenda", de Laurent Cantet, França
Quando você está desempregado, precisa se manter ocupado. É o que Vincent (Aurelien Recoing, com o seu personagem fascinante de tão opaco) tenta fazer após ter sido demitido de sua função de burro de carga de escritório. Esta comédia sombria, em que as emoções se expressam muito pouco, examina as limitações de caráter de um homem cuja identidade foi definida durante a vida toda pelo trabalho, e perde o seu rumo e sua personalidade quando é despedido.
7) "Bowling for Columbine" de Michael Moore, EUA
Desta vez, esse agitador que seguro de si quando tem uma câmera nas mãos mostra ter duas, três ou mais opiniões sobre um único assunto. Ele odeia a violência manifestada por meio das armas, e mostra por meio de entrevistas, de projeções de slides e desenhos animados como os americanos não passam de sedentos por sangue que só se realizam quando estão segurando uma arma. Mas, Moore adora armas! Ele é um membro da NRA (Associação americana de detentores de armas) - membro este que ganhou um concurso de tiro na faculdade. Esta contradição conflituosa, somada ao seu talento nato pela manipulação de imagens (e de estatísticas), torna "Columbine" a mais interessante tragicomédia já criada por Moore - e faz também dela o documentário de maior bilheteria de todos os tempos.
8) "Spirited Away", de Hayao Miyazaki, Japão
Uma garota solitária vagueia a esmo numa sauna pública mantida por fantasmas. Este é o enredo deste novo trabalho Miyazaki, uma delícia estimulante do mestre da animação oriental. Rainhas tirânicas, rapazes-dragões e um deus do rio de um fedor fabuloso povoam este universo naquilo que constitui o melhor exemplo de animação tradicional desde Aladdin. É ao mesmo tempo amigável, assustador e, assim como toda boa história de fantasmas, perfeitamente assombroso.
9) "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres", de Peter Jackson, Nova Zelândia
É difícil afirmar se este episódio é ou não melhor do que "A Sociedade do Anel". Os dois primeiros episódios são tão diferentes em termos de tom e de abordagem. "As Duas Torres", centrado na história do sítio de Rohan, é um filme muito desconfiado da guerra, que deixa transparecer ecos distantes do medo atual do Ocidente em relação às ameaças da nebulosa terrorista. Mas a verdadeira batalha do filme diz respeito a Frodo the Hobbit que está prestes a se render ao brilho doentio do Grande Anel. Uma combinação instigante de espetáculo, romance e técnica cinematográfica próxima da magia, esta continuação de qualidade superior reúne cerca de três quintos de tudo o que os filmes conseguem fazer.
10) "The Quiet American", de Phillip Noyce, Austrália-Vietnã
Um cínico carregando sempre uma mala, Graham Greene percorreu o mundo em busca da perfídia humana. Ele encontrou a abundancia no Vietnã, no começo dos anos 50, onde americanos e europeus se disputavam a tapas o privilégio de dirigir e arruinar esse lindo país. Ao transpor o livro deste grande escritor para a tela, Noyce mostra-se atento para todas as nuances - assim como é Michael Caine, um vingador aborrecido que defende o seu direito a ficar com uma linda amante em Saigon.
30.12.02
fazia tempo que eu não publicava textos dela! amy chavez é uma americana que mora no japão, e essas são algumas das suas aventuras...
abre aspas
Um país obcecado por seus hobbies
Tenho procurado melhorar meu status junto à minha comunidade freqüentando clubes como o "clube da compota" e eu gostaria de fazer mais, porém tenho medo de assumir compromissos. No Japão as pessoas levam tudo muito a sério, inclusive passatempos, com um rigor que sobra pouco tempo para coisas como higiene pessoal, alimentação, sono.
Japoneses são frenéticos com tudo que fazem.
Não é exagero.
Quando meu vizinho Kazu veio me convidar para juntar-me ao grupo dele de zenidaiko eu recusei. Disse que tinha muito prá fazer.
Zenidaiko é um espetaculo que usa bambus, com guizos, que se batem uns nos outros para fazer sons.
Como Kazu continuava na minha porta resolvi dizer que seria impossível, já tinha muito o que fazer.
Então ele fez aquele olhar que diz "vc não pode conseguir algum tempinho ? E aqueles minutos que vc passa escovando os dentes?"
E eu disse: 'Bem, eu acho, talvez eu poderia...'
No salão de zenidaiko, cheio de velhinhas que me receberam com sorrisos e um par de pauzinhos de bambu, uma delas me disse: "Mês que vem temos uma competição ! Por favor, participe!"
"Competição ? Eu nunca fiz isso antes !"
"Basta praticar bastante!" me prometeram ao me passarem um videotape que ensinava zenidaiko em 25 lições.
"Praticar? Eu não tenho tempo pra isso!"
Como eu era a única mulher ali que não havia alcançado a menopausa, também devia ser a única a ter um emprego de período inteiro. Então as velhinhas me deram um olhar do tipo "você não tem um tempinho pra gastar ? E aqueles minutos que você passa cozinhando ?'
Se eu mudasse minha dieta para líquidos, eu teria mais tempo para praticar zenidaiko. A cada manhã eu prepararia um balde de sopa com um grande canudo deixando-o perto da porta, assim eu poderia me alimentar quando saisse ou chegasse em casa.
'Bem, está bem...' eu disse.
'E o preço dos pauzinhos é 20.000 yen (R$489)
'Mas eu não tenho este dinheiro agora !'
Então eles deram aquele olhar que diz "Você não guarda algum dinheiro na poupança para sua aposentadoria ?'
Na manhã seguinte, depois de me tornar membro do grupo de zenidaiko , estava correndo para pegar o onibus das sete para o trabalho quando encontrei Amano-san, o prefeito da ilha.
'Bom encontrá-la ! Temos um encontro de moradores de ilhas ao redor do mundo neste fim do ano. Decidi que você pode ensinar inglês para a comunidade, uma vez por semana !'
"Mas eu não tenho tempo pra ensinar inglês !"
Então ele fez aquele olhar "Você é jovem e não precisa de oito horas de sono por noite ! Precisa?"
E eu me peguei dizendo a seguir: "É, eu acho que poderia.'
Será que eles permitiriam que eu levasse meu balde de sopa para a classe ?
fecha aspas
sabe esse texto que eu escrevi aí embaixo sobre minha futura filha? pois um amigo meu traduziu pro inglês e mandou para uma amiga na ucrânia.
se esse texto rodar o mundo e eu virar "autor desconhecido" vai ser a glória!!!!!!!!!!
28.12.02
joga pedra na geni
não gosto do senhor dos anéis. pronto, já disse a blasfêmia que vai me levar para o mármore dos infernos. já tentei ler, a edição era portuguesa, não rolou. tentei ler numa edição brasileira e achei chato. peguei o filme para ver em vídeo e dormi!
é, creio que sou a única nerd com teflon para essa mania...
essa eu precisava dizer.
fred sai do banho indignado, se vira para mim e manda:
"tela, que sabonete de sádico é esse que tá no banheiro?"
e eu "hã?"
e ele me mostra o tal sabonete.
"fred, esse é um exfoliante! é só para passar nos pés!"
"pois eu tomei banho com ele e tou todo machucado!"
homens... hahahahaha!
aviso oportuno às donzelas sonhadoras que estão lendo este blog: casamento é uma coisa. namoro é outra.
o padre tinha que dizer isso na hora da cerimônia.
fulaninha de tal, aceita sicraninho como seu legítimo esposo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, amando-o, respeitando-o e tendo plena consciência de que namoro é namoro e casamento é outra coisa até que a morte os separe?
o que ia ter de noiva correndo na igreja ia ser uma loucura.
desculpem o mau-humor. é que nessas horas eu me pergunto para quê que homem existe. e a gente ainda gosta deles. vôte.
momento infantil
não gosta de mim? bem me importa! bata com a cara na porta até ficar torta: a cara e a porta.
calcinha nova no reveillon
bão, querida leitora, se vc acredita no poder da calcinha zero-km na noite do ano novo, anota aí que a tradicional lista de cores-pedidos aumentou!
vamos começar pelas óbvias:
branca: paz
rosa: amor
vermelha: paixão
amarela: dinheiro
novas:
laranja: energia e alto astral
azul clara: harmonia
preta: fecha o corpo contra inveja e mau-olhado
lilás: espiritualidade
dourada: fama e fortuna
pois é. corra para a lojinha mais próxima e se garanta em 2003!
27.12.02
trauma de natal
todo natal eu ia (prestem atenção no verbo) ganhar a coleção de monteiro lobato. aquela, encadernada em verde, não sei quantos volumes. mas não ganhava, e ficava pro aniversário e no aniversário ficava pro natal.
acho que essa filhadaputice dos meus pais era pq eu tinha uma amiga que tinha a coleção, o pensamento materialista-pequeno-burguês deles deve ter sido mais ou menos assim: "pq gastar dinheiro, se ela pode pedir emprestado à fulaninha?"
trauma é coisa séria. um dia eu surto numa livraria infantil e vcs vão saber pq ;)
tem muita gente que eu queria que me lesse mas não lê, por muitos motivos. uns por não terem computador, outros por não terem tempo, e ainda tem quem nem sabe que eu escrevo.
é que eu tava numa faxina de papel guardado, e vi muita gente que foi muito importante, ou não, mas foi amiga em algum momento. deu saudade. certas coisas assim apertam o coração, como ver no álbum de fotos um pessoal que você gosta tanto mas que está longe e que, por ironia do destino, nunca está em casa quando eu ligo e deixo recado na secretária. esse mesmo pessoal me liga e eu não estou, e deixam recado na secretária tb. há meses a conversa vai assim. e não devia.
num mundo perfeito, recife era ali na esquina. e a gente ia se encontrar para passear de bondinho e tomar maltado na mesma tarde de sol fraco.
26.12.02
porque no dia em que eu tiver uma filha (sou tendenciosa sim, e daí?) ela vai ter um baú de fantasias. vai ter os disquinhos que contam historinhas, vai ter a arca de noé de vinícius de moraes, muitos lápis de cera e vai poder rabiscar na parede do quarto dela sim senhor, seja antipedagógico o caramba.
ela vai sentar no meu colo e eu vou contar histórias de quando a avó dela era menina e tinha um carneirinho branco. só não vou contar que meu avô mandou matar o carneirinho pro almoço de domingo.
vou ensinar a minha menina a música do alecrim dourado, vou ler ana maria machado, ruth rocha, sylvia orthoff, monteiro lobato, vou fazer brigadeiro e comer na panela com colherinha pequena para durar mais tempo. vou dar fantoches e mamulengos e bichos de pelúcia e bonecas de pano. se encontrar as panelinhas de barro que eu brinquei quando era criança eu dou também. mas vai sempre ter uma caixa grande de papelão no quarto, para ser castelo, barco, carro, foguete, caverna, o que ela quiser.
eu não vou exigir cabelo penteado nem pé calçado. aliás, pé descalço vai ser a lei da casa. ela vai brincar com os gatos, e, se tudo correr direitinho, a gente vai morar numa casa de verdade, cheia de pitangueira. e ela vai poder sujar a blusa de manga que eu juro que não brigo.
vou ensinar as letras e os números. a catar feijão para me ajudar num almoço legal, e a plantar feijão no algodãozinho.
vou vestir minha filha de matuta todo são joão, de chapéu de trancinha e sardas pintadas no rosto.
me lembrem disso: de nunca perder a paciência nem o desejo de brincar. de saber olhar o mundo como uma coisa nova. de saber explicar o que é o arco-íris e quem é papai do céu.
mas não vou deixar acreditar em papai noel. vou fazer como meu pai me dizia, "papai noel é o pai da gente fantasiado no natal"
vou fazer pipoca, vou deixar comer porcaria, mas ela vai ter que lavar o pé, escovar os dentes e rezar antes de dormir. comigo contando historinha. ou cantando que o relógio bate e é hora de nanar.
só penso nela assim, pequenininha, sendo lygia ou laura ou janaína ou outro nome que um dia eu gostar. porque eu tenho muito amor guardado aqui, só para ela. desde a primeira boneca que eu carreguei no colo. desde que as sobrinhas nasceram e eu aprendi a cuidar de bebês de verdade.
um dia essa criaturinha vai chegar na minha vida, e eu espero estar pronta para ser feliz com ela.
tá, se vier um menino eu vou gostar também :) e vai se chamar pedro. isso se fred não tiver idéia melhor... mas alguns anos me separam dessa criança. no dia que ela chegar, eu aviso vocês. e vocês, por favor, me lembrem do que eu prometi aqui.
tem gente nova nas paredes do quarto. e eu não arrumo por ordem alfabética, não arrumo por ordem de preferência, ou de amizade, nem nada. fiu colando como calhou. e, sabe de uma coisa? a teoria do caos é uma das minhas preferidas. devia ter sabido dela na adolescência, para explicar para a minha mãe que a bagunça no meu quarto era científica...
escrevi num comentário no vida de redatora (link ao lado) e achei tão verdadeiro que resolvi postar aqui tb.
ô meu pai, recife. minha terra, minha saudade, coisa que me faz andar em suas ruas nos meus sonhos. larguei mãe, trabalho, casa, peguei mala e cuia e vim viver uma paixão no rio, que sim, é uma cidade maravilhosa e coisa e tal, mas recife mandou me chamar. quero voltar, recife, é a saudade me puxando pelo braço. e ainda levo esse carioca comigo para tomar maltado, comer jambo e nem sei mais o quê, ouvindo meu povo falar no seu sotaque que hoje me faz tanta falta. sei não.
recife é meu amante.
que no ano novo essa história não se repita...
O VeLHO, O MeNINO E O BuRRO
por Raimundo Carrero
Um velho carregando um burro nas costas? Duvidoso. Um velho e um menino carregando um burro nas costas? Ainda mais duvidoso. A cena pode parecer insólita e, mais do que insólita, grosseira. Isto é: para quem tem alma burocrática. Para quem vive num país onde o ridículo e penoso se misturam, nada mais real. Nada mais absolutamente real. É verdade.
O velho, este Brasil tradicional e antigo, insiste em caminhar em direção ao passado enquanto o Brasil burro, radical e prepotente, carrega nas costas o Brasil menino, livre e esperto. E há quem diga: Não tem vergonha, não? O velho não é respeitado, enquanto o burro carrega o Brasil menino? A situação se refaz: O velho monta no burro e o menino vai a pé. Bronca outra vez.
Não tem vergonha, não? Um velho montado num burro, deixando o menino caminhar cansado? E os dois: o velho e o menino decidem carregar o burro nas costas. E relinchando. É claro.
Moral da história: Enquanto o tradicional e o renovador brigam, o burro domina a nação.
Raimundo Carrero é escritor, autor de, entre outros, "Sombra Severa" e "As Sombrias Ruínas da Alma" (ed. Iluminuras).
Os ouvidos de cada um
Na fábula do grego Esopo, que viveu entre os séculos 7º e 6º a.C., um lavrador decide vender seu burrico e leva-o à feira, acompanhado de seu filho. Os dois seguem a pé, puxando-o pelo cabresto, para que o burro chegue descansado. Lavradores e mercadores que os vêem passar sucedem-se em reclamações: uns julgam que estão fazendo penitência, o que leva o pai a ir montado no animal. Algumas mulheres consideram desaforo o menino seguir a pé, e o pai faz o filho montar na garupa. Outros exclamam que "o pobre animal já nem fôlego tem", então o lavrador decide deixar apenas o filho montado, seguindo a pé. Um outro ironiza tratar-se de um príncipe seguido de seu lacaio. "Não podemos dar ocasião a tais afrontas; filho, carreguemos o burro às costas." Assim fazem e alguns rapazes desatam a rir diante da cena. "Qual dos três é mais burro?", perguntam. "Sou eu, responde o lavrador, "que por todo o caminho dei ouvidos a cada um."
25.12.02
e começa a chover, mantendo a tradição carioca.
quer saber? chuva, friozinho, natal... vou mais é ficar abraçadinha com meu complicado. inté!
feliz natal, povos.
fomos ontem para a casa do pai de fred, primeiro natal lá. menino, fred foi paparicado como nunca. toda hora seu edilberto levantava para trazer uma cervejinha gelada, uma azeitoninha, um queijinho, um inho ou inha bom de beliscar.
só sei que sentamos à mesa oito da noite e saímos depois da missa do galo. uma delíiiiiiicia. conversamos sobre tudo e todos, um monte de gente que eu nem sei que existe foi citado, tios e tias ligaram mandando lembranças, mas ninguém apareceu. ficamos nós cinco, falando abobrinha a rodo. imagine que fred ficou tirando onda do pai dele a noite quase toda por conta de um shampoo que ele achou no banheiro, "camomila do campo" e não houve força que o convencesse que o shampoo era da tia: ele encarnou no pobre do meu sogro dizendo que homem que é homem não lava cabelo com camomila, inda mais do campo. e tome risada, e tender, e farofa, e isso e mais aquilo.
saímos devidamente estufados da mesa para uma noite maldormida no sofá-cama.
mas antes, na hora da missa do galo, lembrei de vó maria e pedi que ela olhasse por nós e que tivesse um natal bem feliz no céu. e as luzes da árvore da lagoa começaram a brincar nas nuvens, e a gente tava na tijuca e dava para ver direitinho.
(da lagoa para a tijuca seria perto, se não houvesse o morro do salgueiro no meio)
acordamos tardíssimo, almoçamos beeeeeeeeem ;) e chegamos em casa quase cinco da tarde. carregados de presentes e de tuppewares de comida. acho que só faço feira no ano que vem.
os gatos reagiram de jeitos opostos: atum carente e muriel irritada por termos saído.
na casa de mamãe, o caos habitual. não teve natal lá, uma pena. ela, deprimida como está, não quis nada, e minha irmã ficou com ela a noite toda.
23.12.02
tão tá.. a minha mesa de 10 para o natal, da marina do blowg. depois mando para ela. senta que lá vem história!
jesus cristo, o aniversariante, com a vantagem de não deixar o vinho acabar ;)
dalai lama (a conversa dele com Ele ia ser interessante)
mae west (para por pimenta na mesa)
eu (e eu ia perder essa?)
leonardo da vinci (para ele explicar o sorriso da mona lisa)
madonna (antes da fase mãe, para botar mais pimenta na mesa)
mario quintana (pela singeleza, acho que ia se dar muito bem com os dois primeiros nomes da lista)
chet baker (pela canja na hora da sobremesa)
ariano suassuna (pelas histórias que ele vai contar)
barbara gancia (comentários ferinos em primeira mão - uau)
hã. o que eu ia escrever aqui mesmo...
é... bem. né possível, abri o blogger para escrever alguma coisa.
deixa prá lá, devia ser besteira.
nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao, não bebi nadinha.
21.12.02
tem uma coisa que eu vi que é linda e cara: são bolsas feitas de palha trançada... palha dourada. como se a menina da história de rumpelstilstkin realmente transformasse palha em ouro.
e elas são feitas por senhoras de um cafundó em goiás, que é o único canto onde esse capim-dourado cresce, e ainda assim por poucos meses no ano.
e a bolsa era linda, e cara como o diabo.
comprei os presentes de natal, mas falta um.
como não achei o james brown dançante e cantante, e fred viu minha decepção, pediu um cd. eu achei pouco. quis dar um livro de um ator japonês que ele queria ler há tempos, mas não achei em canto nenhum. depois foi a biografia de chet baker (que, inclusive, foi o nome de um dos gatos que fred teve). encontrei duas, fiquei na dúvida. mas aí ele pediu (pe-diu) o novo dos los hermanos (hã?), o bloco do eu sozinho, totalmente anti-anna-júlia. tão tá, né? se é o que ele quer, tudo bem.
mas eu achei pouco apesar da grana estar quase negativa. e comprei um voodoo do trabalho na imaginarium. é um computadorzinho de pano onde vc espeta alfinetes no que vc quer que aconteça: aumento de salário, chefe de bom humor, clientes satisfeitos. uma gracinha.
e não agüentei, como é de costume. o cd ficou pro natal, mas o voodoo eu já dei.
agora, por favor, dicas de presente para tia heliette. ela foi professora de história, é um doce de pessoa e quer muitíssimo bem a fred, que além de sobrinho é afilhado. tudo que eu vi não me agradou, ela merece algo especial de verdade.
rubinho barrichello, um italiano.
pois foi. fred tava vendo, anteontem, o festival de san remo, na rai (san remo? ainda existe?), nessas maravilhas de tv a cabo. o festival de san remo tava homenageando os grandes nomes do esporte italiano no ano 2002. por último, a homenagem à ferrari, claro, com rubinho no palco recebendo o prêmio de destaque italiano do ano.
italiano?
pois é. para os italianos, filho e neto de italiano é italiano. mesmo tendo nascido no brasil.
e pelo que fred me disse, no seu parco entendimento de italiano, rubinho não falou nem que era ítalo-brasileiro.
20.12.02
cinqüenta anos em doze de dezembro.
era 1952 quando meus pais se casaram.
eu vi a foto, tirada alguns dias depois da cerimônia: mamãe linda, embora não tão virginal em seu vestido de noiva, meu pai magro, dentuço, orelhudo. diz que tirar foto depois era normal na época. sei que até hoje acho isso estranho. (uma vez, menininha ainda, perguntei quem era aquele homem feio na foto com ela. quando eu nasci meu pai era gordo, os dentes já não eram tão salientes e as orelhas pareciam menores. e era muito mais bonito, claro.)
minha mãe era uma menina quando casou. 23 anos, meu pai com 25. no ano seguinte, o primeiro aniversário de casamento era comemorado com minha irmã mais velha no colo.
doze de dezembro era dia de festa dupla: também era o dia de arrumar a árvore de natal. dia de algum presentinho envergonhado entre eles. meus pais nasceram no fim dos anos 20, o que é um absurdo de se pensar: ele em 27, ela em 29. tinham grande carinho um pelo outro, mas nunca se beijaram na boca na frente das filhas.
muitos doze de dezembro chegaram com dificuldades. a vida de repórter era dura e deliciosa para o meu pai, dura e preocupante para minha mãe. pouco dinheiro e horários estranhos: plantões, viagens, essas coisas. e, vindo mais uma filha, meu pai resolveu largar das redações (o lugar onde ele era mais feliz no mundo, uma vez me disse. "eu tenho tinta de impressão nas veias, minha filha") e dar mais conforto à família, palavras dele também. foi ser professor de história e português na escola de pesca de tamandaré. minha mãe era secretária do diretor da escola (nas palavras dela, um cavalo batizado que brigava até com a sombra, mas que nunca se meteu a besta com ela). teve um ano que não teve salário. um ano inteiro, com duas filhas para criar, nenhum dinheiro no bolso. foi gente para brasília conseguir a liberação da verba da escola. acho que no dia que esse dinheiro chegou teve festa.
teve festa também no dia em que a televisão chegou. a casa dos meus pais era a única que tinha a novidade, e todos os televizinhos iam lá para ver a novela. nesse tempo eu não era nascida. era o meio dos anos 60. da casa dava para ver o mar. do quarto dos meus pais dava para ver o mar. eles eram moços, tinham duas filhas saudáveis e um mundo de amigos. a vida era boa. mas o dinheiro era curto, podia melhorar.
e meu pai foi fazer direito. metade porque ele quis, metade porque minha mãe empurrou. pegar ônibus e horas de estrada para a faculdade em caruaru. durante quantos anos mesmo? quando ele se formou, minha irmã mais velha era mocinha de 15 anos. o doutor e sua família se mudaram da praia para o sertão.
ouricuri, terra quente dos diabos, até o vento é morno. passei uns dias lá, voltei espantada do povo sobreviver naquele ambiente. pois doutor geraldo, dona helena e as meninas foram muito felizes por lá. passaram uns anos, mudaram para uma cidade de clima mais ameno, e eu nasci, em 1970, espantando tudo e todos, pois minha mãe tinha 41, meu pai tinha 43, minha irmã mais velha ia fazer 17, minha irmã mais nova tinha 11. por um erro de cálculo, não nasci geraldo filho, mas com o nome das duas avós até que me considero uma pessoa de sorte.
então passamos mais uns anos entre as cidades do agreste pernambucano até que chegou a hora das minhas irmãs fazerem faculdade. juntamos as malas e cuias e fomos todos para recife.
meu pai fez 50 anos. eu tinha sete. e festa de aniversário, no meu ponto de vista, tinha que ter bolo, bola e brigadeiro. e meu pai teve festa de criança no aniversário dele.
chegamos aos anos 80, minhas irmãs casaram e nós nos mudamos de novo, para o interior, para surubim. e ficamos por lá até 86, quando meu pai se aposentou e voltamos para recife.
em 87 meu pai fez 60 anos. já tinha um neto e três netas. fez festa dentro de casa, minha mãe fez um peixe que até hoje está na história da família. e no bolo de aniversário estava escrito "60 anos de sombra e água fresca", que meu pai explicava como sendo "os próximos".
que não vieram. em fevereiro de 88 ele teve um derrame que o deixou em coma até morrer, num quinze de novembro. o ano fiz questão de esquecer...
os doze de dezembro continuaram chegando e indo embora, agora sendo um dia agridoce, mas a tradição da árvore continuava.
este ano seriam cinqüenta anos. os netos já são grandes, as filhas são adultas, a família está espalhada pelo país.
liguei para minha mãe no dia doze de dezembro. doente, ela não sabia que era "aquele" dia. eu também não disse nada.
fica uma sensação de que o que havia sido combinado era bem diferente. que nas bodas de ouro meu pai estaria vivo, que ambos teriam saúde, que a festa ia ser bonita e que todo mundo ia estar junto e feliz.
se passou mais um doze de dezembro, mas este ano a árvore não foi montada.
e seriam cinqüenta anos este ano.
19.12.02
preciso dizer. ontem, saia justa com hebe. legal mas meio congestionado: todas perguntavam ao mesmo tempo e hebe ficava nas respostas pela metade... mas preciso dizer: a tatuagem do mapa do brasil no braço da fernanda young me comoveu. só o contorno. ficou belíssima, e quem me conhece sabe que digo raramente esta palavra. me comoveu profundamente e me curou de uma certa antipatia pela escritora.
hebe, como sempre uma graciiiiiiiiiiiinha. e eu quero ser amiga dela para ganhar tanto presente O;)
eu nasci em 1970.
e vivi a minha infância com medo de polícia. os anos eram difíceis. meu pai mandava: "não repita na rua o que você ouve em casa" e dizia para eu não fazer amizade com a filha de jarbas vasconcelos, atual governador de pernambuco, que estudava no meu colégio. ela era filha de subversivo.
de repente todo mundo vestiu amarelo e gritou diretas-já. fiquei alheia ao processo, acho que eu tinha uns 14 anos. só lembro que não precisei ir para o colégio quando tancredo morreu e achei bom o feriado. disso sobrou uma antipatia infinita pela música coração de estudante.
aí eu lembro do povo agora ser fiscal do sarney. e das prateleiras vazias do supermercado. meu pai pegava o carro e ia cada vez mais longe para conseguir comprar carne e leite em pó importado (que diziam estar contaminado por chernobyl). e o povo desanimou daquela história de acreditar no presidente bigodudo. e começaram a cortar zeros do dinheiro.
então veio aquele de quem não se fala o nome. gente morreu de desespero, gente se suicidou por conta do dinheiro que ele roubou. devolveu depois, mas que roubou, roubou. pegar emprestado sem pedir é roubo, me ensinaram quando eu era criança. na tv, casamentos que não aconteceram pq o dinheiro estava na poupança. festas. cirurgias. viagens. casas que não foram compradas, o caos. e cortaram mais três zeros de novo. e tome escândalo e disse-que-disse. e o cara ainda pediu para a gente vestir verdamarelo. deu no que deu: todo mundo de preto. aí foi lindo e a esperança dessa budega dar certo correu de novo por estas terras. e tome faltar aula para fazer passeata: estou sendo cidadão e ainda fujo da escola, beleza. (menos eu, que morro de medo de multidões. fiquei no meu canto passando vontade.) e quando a gente fazia compra no cartão de crédito, quem lembra que tinha juros de 40%? eu lembro.
tomou posse o presidente namorador. aquele, da modelo sem calcinha. que pareceu botar em ordem e a esperança não tinha nem desmaiado: o povo danou a comprar dólar (eu, inclusive, cheguei a comprar um tiquinho. coisa ridícula) e a viajar para o exterior. minha irmã foi para a europa, eu não fui. mas tinha uma poupancinha bamerindus (aquela que começava com 30 reais) e podia viajar para ver fred sem pedir ajuda à minha mãe.
e chegou o sociólogo. como diz angeli, o boca de suvaco. afundou quem era funcionário público. minha irmã hoje depende de ajudinhas da minha mãe para segurar os 30 dias do mês. coisa feia. e a esperança foi dormir. e assim se passaram oito anos, quase sem a gente perceber.
chegando a eleição, dona regina disse que tinha medo. eu também. eu tenho medo que a esperança canse desse esconde-esconde e vá embora um dia. mas agora não, que tem uma estrela brilhando no peito da gente. e que lula, que conseguiu fazer o medo se esconder embaixo da cama, consiga estar à altura dos nossos sonhos. porque, sinceramente, quem vive de promessa é santo.
Minha mãe nunca:
ficou de pijama o dia todo, sem trocar de roupa por pura preguiça.
considerou um hambùrguer + coca cola + batata frita um jantar decente.
comeu uma panela de brigadeiro sozinha.
matou aula para ir ao cinema.
matou trabalho para ir ao cinema.
saiu de casa sem cabelo penteado e sem batom.
mandou alguém à merda. nem à puta que pariu.
foi a show de rock.
passou e-mail.
roubou chocolate e adesivo das lojas americanas. pelo que sei, nunca roubou nada de loja nenhuma.
gostou de comida japonesa.
pintou o cabelo de rosa.
beijou mais de um cara - só meu pai.
estourou o limite do cartão de crédito. nem passou cheque sem fundo.
foi dormir sem escovar os dentes.
almoçou em cozinha que precisasse varrer. nem dormiu em quarto que precisasse varrer também.
saiu do país.
se formou, embora tenha sido de vital importância nas formaturas do marido e das três filhas.
rodou a baiana nem armou um barraco.
18.12.02
ai, precisa pintar o quarto e mandar consertar a torneira da banheira, que vaza há meses. e o quarto a gente começou a pintar e deixou pela metade. e precisa botar veneno de cupim. e tem tanta coisa mais que dá vontade de ganhar na sena e se mudar para aqueles apartamentos decorados que a gente vê nas propagandas dos imóveis de luxo. ah, tu sabia que o povo desses apartamentos decorados manda fazer móveis menores do que o normal só para o apartamento parecer maior? é um detalhinho que eu aprendi por aí, nem lembro ondem. socorro, não consigo parar de falar besteira. é a preguiça agindo macunaimicamente. valei-me !
eu tenho que me levantar desta cadeira. aliás, como esperar coerência quando meus pés não tocam o chão, literalmente? a cadeira é grande e meus pés balançam. ter 1.57 muito bem esticados dá nisso. vendia a alma por mais dez centímetros. ok, se é para vender a alma, por mais 20. mais 20 de altura, menos 20 de peso, uau, telinha ia virar telona.
ah, não venha me dizer que existe literatura infanto-juvenil. o que existe é o que a gente gosta de ler. independente de idade.
mano wladimir é o único bebê que já nasceu com nome artístico...
e pobre do gil que foi se meter a ministro da cultura. sei não, mas acho que ele vai se arrepender loguinho.
antão tá antão. fred machucou a perna, estirou o músculo ao se levantar de madrugada para um pipi básico. e não quer ir no doutor fisioterapeuta aqui na rua mesmo. como esse acidente já havia acontecido ano passado, há uma tala a ser usada e muita reclamação no pé do ouvido da que vos escreve.
e atendendo a pedidos, a lagarta azul voltou a escrever. mas não liberou os arquivos do outro blog, e eu não faço a mínima do motivo que a fez parar. dizque esse blog tem duas pessoas escrevendo, mas só vi a moça. clique aqui para ler.
como assim, fred está vendo xuxa no mundo da imaginação? tá doido?
17.12.02
Lygia Bojunga Nunes. se você nunca leu, tá esperando o quê?
Recomendo começar com A Bolsa Amarela. A história da Raquel e de seus amigos é a da gente também. Às vezes a gente precisa descosturar uns pensamentos que amarraram na nossa cabeça... e todo mundo aqui já deve saber que a vida com amigos é muito melhor.
Depois, leia o Sofá Estampado, com as histórias de Vítor, um tatu que não quer trabalhar na empresa do pai e acaba garoto propaganda na agência da dona Popô, uma hipopótama publicitária que só pensa em dinheiro.
Corda Bamba é para momentos de coragem. Maria vivia no circo com os pais, só que eles morreram num acidente na corda bamba. Ela foi viver com sua avó, que teve sete maridos e é uma socialite rica e cheia de idéias de como Maria deve ser. Maria tem que sobreviver ao amor da avó (é barra) e vai criando sua vida andando na corda bamba que a levou para um lugar onde suas lembranças estão atrás de portas... e seu futuro também...
Angélica, pois é. Angélica é uma cegonha, a única na família que o nome não começa com Lu. Como nos livros acima, Angélica precisa saber como ser ela mesma num mundo que diz que ela não pode ser diferente dos outros. Participação especial de Porto, o porco envergonhado.
O Abraço. Não é para criança ler. Trata do lado escuro das fascinações e do que acontece antes e depois de um estupro.
Livro. Lygia fala dela e do livro. é uma conversa sem personagens, com carinho transbordante.
A Casa da Madrinha eu não li.
Fazendo Ana Paz. Para quem se perguntou, uma vez na vida, como que se escreve um livro. Lygia e Ana Paz, uma autora e uma personagem, se conhecendo e brigando e crescendo através da história que vai se fazendo...
Meu Amigo o Pintor - e como que a gente fala de morte para crianças? e o pior, quando é suicídio?
Tchau - contos. O meu preferido é o da escritora que transformou muita coisa que sentia (e não sabia como lidar) em história.
Seis Vezes Lucas - não li
A Cama - não li
Feito à mão - não li
Nós Três - Rafa foi passar as férias na casa de uma amiga, escultora. Lá ela conheceu um marinheiro que só tem um braço pq o outro o tubarão levou, e ficou amiga dele. A escultora se apaixonou pelo marinheiro. Aí uma coisa acontece, que só Rafa sabe e conta no ouvido da estátua que a amiga fez do marinheiro.
Paisagem - Paisagem tem um personagem que eu queria ser: o menino que mora em Santa Tereza e fica amigo da escritora Lygia Bojunga Nunes, que tava morando em Londres durante este livro.
Os que eu li, exceto O Abraço, eu tive e dei de presente para minhas sobrinhas quando casei e vim pro rio. na hora pareceu o certo a fazer, uma forma de estar perto. hoje morro de saudade (estão todos rabiscadíssimos, por mim e por um bando de amigos) e tenho vergonha de pedir de volta (quem dá e torna a tomar vira as costas para o mar...)
E uma vez eu escrevi para a Lygia e ela me respondeu, num cartão postal muito florido, lá de londres. Guardei tão bem guardado que perdi.
deu no UOL
Nasce no Rio de Janeiro o 1º filho de Marisa Monte, Mano Wladimir
Nasceu no Rio de Janeiro, de cesariana, às 0h40 desta terça (17), Mano Wladimir, primeiro filho da cantora Marisa Monte, 35, e do músico Pedro Bernardes, 19. A criança nasceu com 3,24 Kg e 49 cm. A cantora entrou ontem às 13h na maternidade e passa bem.
pode parecer implicância, mas mano wladimir é dose. ninguém pensou no que ele vai passar na escola, não?
16.12.02
incrível isso que aprendi outro dia: o inconsciente é atemporal, ou coisa que o valha. quando nos emocionamos, não importa quando foi: é sempre agora. lembrei disso por conta da peça de romeu e julieta por ariano suassuna. espremo meus miolos ralos para lembrar as letras das músicas da peça que vi lá no teatro armorial (foi lá mesmo?) em 97 ou 98, lá no século passado, com ariano na platéia e aramis trindade fazendo ariano no palco.
lindo de morder o nó do dedo para não explodir em soluços. e não acho a agenda onde copiei alguns trechos, e a internet se mostra pródiga na falta de links decentes.
quero o texto dessa peça com todas as fibras do meu ser.
teve tanta coisa linda mas só lembro mais acertado de um trechinho cantado por julieta, te faço cama de flores, travesseiro de jasmim, te lavo com água de cheiro, te deito por sobre mim...
é ou não é de destruir as defesas de uma criatura? é como lembrar de um sonho, puxando palavras e a coisa simplesmente emocionando, comendo seu coração que nem maçã do amor e você gostando e querendo mais. ô ariano, como tu faz isso comigo?
e no fim da peça o desabafo dele: escrevi, mas não gostei dessa história de romeu. tudo pq a lei da família é simples: inimigo mata inimigo, não se apaixona por ele. diga isso lá em exu. :)
15.12.02
então tá lá no uol: russel crowe vai casar com namorada de 12 anos. pedofilia? não, cochilo do redator (ou malícia, quem sabe.) abro o link e tá a notícia correta: russel crowe vai casar com a mulher com quem namora há doze anos.
ah, tem dó.
14.12.02
o que você faria se encontrasse um coração preso na sua porta, no dia dos namorados?
um coração de verdade. de vermelho profundo. deixado lá por um arlequim...
leia a paixão de arlequim, de neil gaiman, ilustrado por john bolton. lindo e perturbador.
o que fazer quando se procura um presente que parece não existir? eu sei que existe o boneco do James Brown cantando I Feel Good, e é isso que eu quero dar de natal pro Fred, mas não acho nem com reza forte!
a lua girou, girou... traçou no céu um compasso... eu também quero fazer um travesseiro dos teus braços...
ney, cantando acho que no pescador de pérolas
junto os pontos que vêm com a comida japonesa. e cada vez que eu somo, é um total diferente. 225, 227, 230. fico danada. com 225 eu tenho direito a uma faca japonesa - que já temos. com 300 a um super jantar, o combinado takontudo. com menos, dá um takanota, mais simplinho. mas só no restaurante que se pode fazer o resgate.
e cada vez que eu somo cada papelzinho, dá um total diferente. e dá nos nervos.
já sei tribalizar, graças à rossana e ao mundo perfeito! com o gerador de letras tribalistas, posso olhar de cima para arnaldo antunes, carlinhos brown e marisa monte!
Todo mundo no mundo
Faço substantivo no Sobral simpaticíssimo
Divino ele
Ninguém é de todo mundo no mundo
Bis
Seja em Bodocó, Viena
Vamos tergiversar, vamos coisar
Lagarta ladra lie to me
Vamos tergiversar, vamos coisar
Amor de tio-avô, desmundo!
Girou a Terra, a terra de mamãe
Vamos tergiversar, Vamos coisar
Boneco bonito, na bola
Repita 102 vezes até você ser deportado.
13.12.02
eu ainda não tinha escrito isso hoje: aninha e clara eu aaaaaaaaaaaaaaamooooooooooooooo vocês e tou morrendio de saudade! :)
12.12.02
tive um pesadelo estranhíssimo: eu via o fantasma de tarcisio meira, e ele estava vestido como dom pedro primeiro.
nas bancas: a paixão de arlequim, de neil gaiman. o tema é dia dos namorados, mas vale a pena como presente de natal. e, como sempre, NEIL GAIMAN É DEUS!
compras de natal e eu sem dinheiro. pior é que perpétua quer um cd de leonardo, o novo. ano passado paguei o mico com zezé de camargo e luciano.
eu. stella cavalcanti, entrando numa loja e pedindo o novo do zezé. tive vontade de morrer.
limpando e-mails do webmail. difícil definir quem vai e quem fica. mas já são muitos, e o uol já apagou tudo uma vez. mas é difícil escolher. então vou deletando sem ler, senão fico lendo e fico pensando mais do que devia.
eu não sei qual a razão, mas fred tem um achador de filme de submarino que é um negócio sério. não passa um dia sem ele achar um filme desse tipo. acho que na outra encarnação ele foi um periscópio... ;)
estou triste pq a cris - a menina-lagarta-azul - parou de escrever o histórias de cronópios. e a criatura nem deixou os arquivos para a gente matar a saudade! que é isso, doutora?
mamãe fala que tem vergonha de estar doente.
ela me ensinou quando criança que a gente deve ter vergonha de roubar, matar e mentir. doença não é vergonha. pode acontecer - e acontece - com qualquer pessoa.
quero comprar para fred, de natal, um Little Richard de brinquedo que se mexe e canta I Feel Good. vi na tv, nos Ousbornes, o Ozzy ganhou da mulher dele. Não acho aqui no Rio em canto nenhum... quem pode me ajudar?
voltei a escrever diário. comprei um caderno de capa de couro com uma tira que dá um nó. muito lindo, muito caro. me vejo às voltas com papel e caneta de novo, deito na cama, finco o cotovelo no colchão e solto as asas.
uma amiga me desafiou a escrever um conto erótico. não é para mostrar para ninguém, só para ter o prazer de escrever. ainda não foi para o papel e eu me sinto levemente tentada ...
meus pais fariam 50 anos de casados hoje. meu pai morreu há quase dez anos. minha mãe tá deprimida e hoje a árvore não foi montada lá em casa.
é, posso estar casada e ter minha casa, mas a casa da minha mãe vai ser sempre "lá em casa" para mim.
e quem tem sua casa (ou seja, não mora com papi e mami) enfrenta umas que dá vontade de pedir para descer do mundo. estourou um cano d´água no sétimo andar e tiveram que trocar tudo. então, tome pedreiro aqui em casa quebrando parede, tirando cano de ferro podre, água para todo lado e dois gatos histéricos, sendo muriel tão afoita e curiosa que eu tive que prender, senão entrava uma gata branca no quartinho e saía uma gata preta.
e não, ainda não tá pronto o conserto do cano. e minha cozinha tá um caos. viuge santa.
testando, um dois três. micro acentuado. beleuza.
dias estranhos... mamãe melhora para dizer que está pior... todos esses meses em depressão, a primeira melhora que noto é que a voz está mais forte, mas o conteúdo do que ela fala tá igual: tou pior, minha filha.
agora deu de dizer que está paralítica, que as empregadas vão embora por não suportá-la mais e que maria clara está passando fome.
ô doencinha miserável, esse distúrbio bipolar.
11.12.02
eu precisava escrever aqui... que zoofilia eh essa no clipe dos titas que se declaram a uma elefanta ? paulo miklos jah conheceu dias melhores... e aproveito o ensejo para perguntar: quanto tempo falta para os titas serem um trio?
para dias tristes
leia tom sawyer. o trecho do tonico fortificante sempre me deixou aas gargalhadas.
voces viram a mariah carey do lado da sandy no fantastico - interrogacao -
o modelito era eu tenho, vc nao tem (peito, no caso)
hahaha
gente, sera que eu ainda sei mexer nisso
hm. o teclado nao tem ponto de interrogacao.
nem acentos.
beleuza.
bom, estou teclando finalmente de casa, fred estah uns 400 reais mais pobre devido ao conserto e troca de hd e outras cositas mais e agora eu inda vou ter que avisar que o teclado sifu, pois eh.
ah, mamae, sua filha naaaaaaaaaao merece.
noticias, pois sim, voces estao saudosos e eu mais ainda, tenho fotos lindas para mostrar, soh nao sei bem como pq nao tenho como postar aqui, enjoei do fotki e preciso de um album decente para poder escrever sem as benditas sumirem.
os gatos estao otimos, muriel nao ficou prenha ainda, mas estah mais linda e gostosa do que nunca, eu nao vou para recife neste natal - oh, lastima. escrevo muitas cartas de papel, vou ao correio e constato feliz da vida que o servico estah mais agil, ai, odeio escrever sem acentuacao nem ponto de interrogacao, mas enfim.
vidinha naqueles conformes de sempre. muitos planos, como sempre. e a arvore que foi cortada aqui perto da janela se mostra cheia de brotos... o que seria melhor para ilustrar a necessaria reinvencao, o renascimento de cada dia - interrogacao.
depois eu falo mais. estou lutando contra os spams, e essa eh uma batalha va (va, com til)