estou terminando de ler pequenas epifanias, do caio fernando abreu.
conheci o autor há muito tempo, com o texto Carta Anônima, que um amigo me deu de presente. Agora, por qualquer motivo que não me lembro, comprei seu livro.
E sinto raiva.
MUITA RAIVA de não ter lido antes, de não ter lido Caio Fernando enquanto ele estava vivo, por ver que em 86 minha vida teria sido mais bela com suas palavras, por ter passado 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95 sem sua presença, por ele ter morrido antes da internet, porque, caramba, eu podia ter me apaixonado por ele há mais tempo.
Agora eu leio coisas escritas quando eu já era gente, o que é muito diferente de quando eu leio alguma coisa da Clarice Lispector. Ele fala de coisas que eu vi. Ele fala de Renato Russo e da morte do Cazuza, ele fala da posse do FHC, eu já era gente quanto tudo isso aconteceu, eu podia ter lido e escrito uma carta, sei lá.
Agora é como um espanto, o mesmo espanto que eu tive quando era criança e fui viajar com a minha mãe, e erramos o embarque na rodoviária. vimos o ônibus ir embora, esperando que voltasse, ele se foi, a gente ficou.
Caio Fernando Abreu se foi e só agora eu o conheço. Tudo bem, respiro fundo e mergulho de novo.