Cadê o pequinês?
O cachorro predileto dos anos 70 praticamente sumiu do mapa. Hoje só restam sete criadores no país
Renata Brito
Quem foi criança nos anos 60 e 70 tem pelo menos uma história para contar envolvendo um cachorro pequinês: seja a mordida sofrida do mascote de uma tia, o latido estridente do cão da amiga dos pais ou o jeito antipático e esnobe do exemplar dos vizinhos. O pequinês era o cão da moda naquela época, mas a raça foi perdendo prestígio e praticamente sumiu do mapa. Sua última representante famosa era a pequena Pepezinha, companheira da emergente Vera Loyola durante 14 anos, morta em abril. ''Desde que Pepezinha morreu, estou à procura de um filhote de pequinês , mas não acho um criador'', queixa-se. A saudosa mascote era adorada pela emergente. Seus aniversários eram comemorados com festas de arromba na casa da socialite na Barra.
Vera Loyola tem razão de reclamar. Hoje, não existe um único criador de pequinês no Estado. No resto do país são apenas sete: quatro em São Paulo, um no Distrito Federal, um em Pernambuco e outro no Rio Grande do Sul. Se o pequinês vive no ostracismo, o labrador nunca desfrutou de tanto prestígio. Só no Kennel Club há 73 criadores registrados. O pequinês chegou ao Brasil na década de 60. O cão se manteve no ranking dos mais comprados até o fim dos anos 70. ''Hoje, quem procura um cão pequeno prefere o dachshund, o terrier ou o pug'', diz Edson Bárbara, proprietário do canil Damabiah, em São Paulo, um dos poucos que ainda criam pequinês no país. Bárbara abriu seu canil há dez anos. Desde então, vende em média 12 filhotes por ano.
Os criadores acreditam que o principal fator para o quase desaparecimento da raça foi a má qualidade dos filhotes, resultado de reproduções inadequadas. O pequinês autêntico tem entre 15cm e 23cm de altura, focinho achatado, largo e preto. O pêlo deve ser longo, liso. Olhos esbugalhados são sinal de falsificação. O detalhe mais surpreendente é que o pequinês autêntico tem boa índole e não se parece em nada com os tipos birrentos responsáveis pela má reputação do bicho. ''A fama de nervoso do pequinês é culpa das misturas mal-sucedidas. O original é extremamente equilibrado e dócil'', diz Caio Oliveira, dono do canil Victória Alkuist, de São Paulo.
revista domingo, jornal do brasil
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home