isso aconteceu há alguns dias.
algumas amigas souberam, pois eu mandei e-mail. e resolvi escrever aqui, não sei bem o motivo, talvez para tirar esse peso do peito.
eu estava voltando para casa, devia ser seis e meia, sete da noite. vinha de botafogo, peguei o 409. na altura do botafogo shopping, eu vi uma lua imensa, cheia e coral, nascendo. abri a janela do ônibus e vim olhando para a lua por todo o aterro do flamengo. ela subia, imensa e linda. e eu lembrava de mario quintana. eu estava feliz e encantada com a lua.
ao chegar em casa, tudo isso mudou.
vi um gato ser atropelado e morrer na minha frente. eu estava chegando em casa, ele estava saindo pelo jardinzinho do prédio. um gato adulto e bonito, cinza. ele olhou para mim, eu olhei para ele e sorri. ele se afastou um pouco, foi atravessar a rua e o carro pegou. simples assim. eu não vi o momento exato, mas acho que não foi em cheio, ele quicou na calçada em convulsões violentas, pulando a meio metro de altura e batendo com força no chão. por alguns segundos eu olhava, pasma, sem compreender o que acontecia. meu cérebro parou, eu não conseguia processar o que eu via.
eu fiquei alguns segundos indecisa se era melhor segurar o gato para que ele não se machucasse ainda mais. mas eu estava de camiseta, tive medo de me machucar.
corri para o veterinário. foi coisa de três minutos, se tanto. a clínica é praticamente na esquina de casa. o dr veio correndo comigo, com uma toalha grossa e um transporte.
quando eu fui chegando perto eu tive um medo muito grande. o gato estava parado. o doutor se ajoelhou, para tirar a pusação. era tarde tarde demais.
eu parei, estatalada. depois entrei em casa, sequer me despedi. o choro travado na gargante.
entrei em casa destroçada, agarrei meus filhotes, chamei amado marido no trabalho, conversei com alguns amigos sobre o que aconteceu, uns entenderam, outros não. dormi e acordei de madrugada. fiquei olhando a mesma lua de antes, se pondo, quase às cinco da manhã. e ela não estava mais tão bonita quanto antes.
eu tento me convencer que fiz o que pude. eu tento me convencer que o lindo gato cinza, magro e atlético, de olhar desconfiado, está no céu dos gatos, eu tento me convencer que pelo menos ele não está sofrendo.
uma amiga disse que, pelo menos, a última pessoa que ele viu amava gatos. outra disse que ele não sofre mais e que tudo foi muito rápido.
eu não sei bem pq eu estou contando aqui. não sei se vão me entender, se vão me julgar, se vão me dar colo. mas eu precisava dizer. eu fiz o que pude. e no fim das contas, não pude fazer nada.
29 Comments:
Ah, Telinha! Eu entendo você!Já vi cães e gatos atropelados na minha frente. Nas ruas e estradas. Estraga o meu dia.
P.S. Já comentei aqui, comento pouco,mas leio sempre. Conheço você do blog da Fal, mas raramente comento no LV.
Bjs.
4:27 AM
O' Telinha, ainda bem que ele teve o teu olhar amoroso antes dele seguir viagem. E o seu socorro depois. Bjs, aliki que vai hoje olhar bem de pertinho e de carinho as gatinhas de casa.
8:19 AM
Meu amor, é cena pra ficar destroçada mesmo. O gatinho tá lá no céu dos gatinhos, e o Atum tá lá confirmando pro novo amigo que vc é mesmo um anjo que os bichinhos têm na Terra.
9:18 AM
Telinha, triste, triste.
E que bom que teus gatinhos e eu vivemos num mundo que tem você.
beijos
10:30 AM
Aninha, como sempre, dizendo as coisas certas nas horas certas.
É isso mesmo, Atum já deve ter dito para o gatinho cinza que a última coisa que ele viu nesse mundo feio, chato e violento aqui debaixo, foi um anjinho petitico, de mãos suaves e carinhosas, de olhar doce e amoroso, e que ficou completamente apaixonada por ele assim que o viu.
E o coraçãozinho dele se acalmou.
bjks te amo
Helga
12:55 PM
Só quero lhe dizer que eu entendo e sinto muito. Até hoje, eu só consegui salvar duas gatinhas do abandono, e até hoje sofro por um que perdi, numa situação parecida com a que você contou. Mas sempre fica o consolo de saber que fizemos o melhor que pudemos e, se não deu, que o nosso amor tenha sido capaz de trazer um pouco de conforto para eles e de ainda mais determinação para nós, que estaremos sempre prontas para ajudar.
Beijos felinos e muita luz!
2:20 PM
O Telinha, as vezes só o que podemos fazer é dar o último conforto mesmo, não nos restando mto mais, como todos já disseram o último humano que ele viu passou pra ele muito amor e era mais que especial.
8:38 PM
Telinha, é a sensação mais horrível que tem... nós nos sentimos impotentes por não conseguir fazer muita coisa, pois normalmente é sempre rápido demais.
A uns 13 anos atrás um gato estava no jardim de casa, me lembro que ele me viu e saiu correndo, atravessou a rua e morreu na minha frente. Ele dava estes pulos que vc comentou no post, como se fosse um peixe fora d´água. Logo em seguida morreu. Nunca senti tanto remorso!
Era o gato da vizinha... e eu escutava o choro dela do meu quarto... muito triste.
O outro "acontecimento" foi ano passado... com um gatinho que eu tinha resgatado da rua, e logo colocaria para adoção.
Foi coisa de segundos, fui receber uma pessoa no portão, o gatinho saiu e uma moto passou por cima. Só tive tempo de ver ele angustiando até morrer... mais nada poderia ser feito... :-(
Telinha, tente não pensar mais nisso... a gente sofre demais. :-(
12:36 PM
impotencia eh uma sensacao horrivel mesmo. eu entendo e sinto muito. mas voce fez o que pode, trouxe ajuda e tentou, ao menos, salva-lo.
voce fez a sua parte. nao eh muito consolo mas eh o que deu pra fazer.
um abraco tristonho daqui de longe
:(
1:06 PM
Meu amor, você tentou. E ainda bem que era você que estava pertinho e tentou ajudá-lo. um carinho pra vc...
2:50 PM
Ah, Telinha!!! Fica assim não!!! Esse gatinho agora está no ranchinho (que fica no plano espiritual)recebendo seu carinho em forma de energia!!! Pense que, infelizmente, era a hora dele e não se culpe!!!
Beijos no seu coração (felino).
Cibele
4:47 PM
Tereza, Aliki, Ana Paula, Suzi, Helga, Andrea, Mauricéia, Ila, Cecilia, Gigio e Cibele,
não há vida, ou sete vidas, ou nove vidas que bastem para eu agradecer o carinho de vocês.
de todo coração, mesmo.
7:43 PM
Telinha, pensei em vc vendo os cup-cakes do
http://manolobrides.com/
Que tal?
Beijos, aliki
6:57 AM
aliki, são lindos, obrigada.
9:21 AM
miaaauuuu...
10:17 AM
ai...
hj fiquei apavorada vendo um cachorro correr pela rua. é um cachorro que vejo todos os dia, de uma oficina, que vive pra lá e pra cá. Mas, mesmo assim fiquei com medo...
Que coisa mais triste essa do gatinho... se eu visse acho que morria... Mas, já passou.
beijos
9:11 PM
lu, querida, não pense no pior não. um beijo.
9:26 PM
telinha telinha, meu amor :(
que coisa mais dolorida, imagino o tamanhico do seu coração :(
não tenho nada pra falar, só posso mandar amor quentinho daqui, viu :(
10:18 PM
Telinha,
Meu coração peludo não alcança a dimensão de tua dor. Mas ela me dói como se fosse facada. Mas olhe, pense o que seu pai diria...Pense uma cançao que afaste a dor. beijos...
12:48 AM
tati, obrigada, minha linda.
mani, seu coração é a coisa mais preciosa do mundo.
5:40 AM
Oi Telinha
Sempre peço quando saio de casa p nunca ver uma coisa assim, só de imaginar já dá um nó na garganta.
A única coisa absurda que passei na vida foi com meu bulldog, já comentei aqui e mando o link p quem quiser saber, divulgar e colaborar com assinaturas.
http://bullblogingles.com/2008/09/14/perigo-no-ar/
Beijo
10:04 AM
dá um nó mesmo, querida. vou lá e vou assinar agora.
10:20 AM
Você não me conhece... eu te vi no blog da Denize e depois reconheci do blog da Fal. Mas fiquei tocada com esse post, porque sou apaixonada por animais. Sim, querida, você fez tudo o que pôde. E o gatinho chegou lá no céu dos gatos sabendo disso, que tem gente nesse mundo como você, que ajuda, que vai atrás, que se preocupa com os bichanos. vai passar a dor, tá. beijos, Fê.
6:26 PM
querida fernanda, obrigada. de todo coração. eu ainda ando desconfiada pela rua aqui de casa, sabe. mas vai passar. tá passando. obrigada, obrigada, mesmo.
10:16 PM
Ah! não sei se serve de copnforto ou conolo, mas eu entendo e como entendo e desde que comecei a ler, ai, o nó na garganta.
Chorei pelo meu gatinho Horácio, também atropelado, chorei pelos meus pássaros.
Chorei, na verdade, por todos esses nossos queridos que de qualquer forma, são indefesos diante de um mundo que é deles, mas tão modificado por nós.
Impotência é a palavra.
O seu foi um gesto maravilhoso de amor.
Um beijo e obrigada por me fazer romper do peito as lágrimas que não chegavam aos olhos.
beijo
7:41 PM
Ah! querida:
não sei se serve de conforto ou consolo, mas eu entendo e como entendo o que passou.
Desde que comecei a ler, ai, o nó na garganta.
Chorei pelo meu gatinho Horácio, também atropelado, chorei pelos meus pássaros.
Chorei, na verdade, por todos esses nossos queridos que de qualquer forma, são indefesos diante de um mundo que é deles, mas tão modificado por nós.
Impotência é a palavra.
O seu foi um gesto maravilhoso de amor.
Um beijo e obrigada por me fazer romper do peito as lágrimas que não chegavam aos olhos.
beijo
Os olhos já não são os mesmos e havia muitos erros.
Daí a repetição.
7:44 PM
querida, obrigada por seu carinho, por suas palavras, por tudo.
10:21 AM
Ô Telinha, eu te entendo sim, muito. Também chorei, pelo gatão cinza e por dois bebês gatinhos que não pude salvar, só uns dias atrás. E por todos os bichinhos que a gente não alcança... Beijinhos pra ti, toda vez que venho aqui te ler, seu carinho me acalenta.
1:16 PM
ô, milady carol, obrigada. obrigada pelos gatinhos que você já cuidou, pelos bichinhos que você deu carinho. beijinhos e miaus para você.
6:30 PM
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