Semana Santa com a Graça de Deus
;)
"Felizes os felizes"
Jorge Luís Borges, dizendo a frase esquecida do Sermão da Montanha
Jesus no Xadrez
Zé da Luz
No tempo em que as estradas
Eram poucas no sertão
Tangerinos e boiadas
Cruzaram a região
Entre volante e cangaço
Quando a lei era no braço
Do jagunço pau mandado
Do Coroné invasor
Dava-se no interior
esse caso inusitado
Quando Palmeiras das Antas
Pertencia ao Capitão
Justino Bento da Cruz
Nunca faltou diversão
Vaquejada e cantoria
Procissão e romaria
Sexta Feira da Paixão
Na Quinta Feira Maior
Dona Maria das Dores
No salão paroquial
Reuniu os moradores
Depois de uma preleção
Ao lado do Capitão
Escalava a seleção
De atrizes e atores
Todo ano era um Jesus, um Caifás e um Pilatos
Só não mudavam a cruz, os verdurios e os maltratos
O Cristo daquele ano foi o Quincas Beija-Flor
Caifás foi Cipriano, Pilatos foi Nicanor
Duas cordas paralelas separavam a multidão
Para que pudesse entre elas caminhar a procissão
Quincas conduzindo a cruz
Foi num foi advertia
O centurião perverso
Que com força lhe batia
Era prá bater maneiro!
Bastião num entendia
Devido um grande pifão
Que tomou naquele dia
Dum vinho que o capelão
Guardava na sacristia
Cristo dizia: Ô rapaz,
Vê se bate devagar,
Já tô todo encalombado,
Assim não vou aguentar!
Tá com a gota pra doer,
Ou tu pára de bater ou a gente vai brigar
Jogo já essa cruz fora, tô ficando aperreado
Vou morrer antes da hora
De ficar crucificado!
O pior é que o malvado fingia que não ouvia
E além de bater com força ainda se divertia
Espiava prá Jesus, fazia pouco e dizia:
Que Cristo frouxo é você,
Que chora na procissão
Jesus pelo que se sabe
Não era mole assim não.
Eu tô batendo com pena
Você vai ver o que é bom
Na subida da ladeira da feira de Fenelon
O couro vai ser dobrado
Até chegar no mercado
A cuíca muda o tom
Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão
Era Quincas, que com raiva,
Sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco
Prá cima de Bastião
Se travaram no tabefe,
Pontapé e cabeçada,
Madalena levou queda
Pilatos levou pancada
Deram um cacete em Caifás
Que até hoje não faz nem sente gosto de nada
Desmancharam a procissão,
O cacete foi pesado
São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado
Acertaram um cocoróte
Na careca de Timóteo
Que inté hoje é aluado
Inté mesmo São José
Que não é de confusão
Na ânsia de defender
Seu filho de criação
Aproveitou a garapa
Prá dar um monte de tapa
Na cara do Bom Ladrão
A briga só terminou
Quando o doutor delegado
Interviu e separou
Cada santo pro seu lado
Desde que o mundo se fez
Foi essa a primeira vez
Que Jesus foi pro xadrez
Mas num foi crucificado
1 Comments:
ô, Stella, mas Jesus disse a [Simão] Pedro: 'largue as redes, eu vou te ensinar a pescar homens'.
Na verdade, o peixe, seu símbolo está ligado à origem da Igreja Primitiva. Os antigos cristãos se identificavam desenhando um peixe não chão. E o peixe tem o sentido de alimento espiritual também, no caso da multiplicação dos pães e peixes. Ali as pessoas tinham fome, mas era a fome do espírito.
Mas não há proibição de comer carne. Pelo menos não para evangélicos.
Já disse que sou batista? ;)
5:36 PM
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