98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

13.10.04

antes de lirinha declamar zé da luz com o poema ai se sêsse, eu já conhecia essa expressão tão errada e tão certa do sertão. Mas, para quem não conhece o Cordel (nem lirinha, seu vocalista), lá vai

Ai se Sêsse
Zé da Luz

Se um dia nóis se gostasse
Se um dia nóis se queresse
Se nóis dois se empariasse
Se juntim nóis dois vivesse
Se juntim nóis dois morasse
Se juntim nóis dois drumisse
Se juntim nóis dois morresse
Se pro céu nóis assubisse
Mais porém se acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse lhe dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insintisse
Prá que eu me arrezouvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvez que nóis dois ficasse
Tarvez que nóis dois caisse
E o céu furado arriasse
E as virgem todas fugisse...


como é deus no céu e o google na terra, achei hoje o que eu tinha lido há tanto e tanto tempo:


Kremme
Olegário Mariano

Foi um dia de kremesse
Depois de rezá três prece
Pra que os santo me ajudasse,
Deus quis que nós se encontrasse
Pra que nós dois se queresse,
Pra que nós dois se gostasse.

Inté os sinos dizia
Na matriz da freguezia
Que embora o tempo corresse,
Que embora o tempo passasse,
Que nós sempre se queresse,
Que nós sempre se gostasse.

Um dia, na feira, eu disse
Com a voz cheia de meiguice
Nos teus ouvido, bem doce:
Rosinha si eu te falasse...
Si eu te beijasse na face...
Tu me dás-se um beijo? - Dou-se.

E toda a vez que nos vemo,
A um só tempo perguntemo
Tu a mim, eu a vancê:
Quando é que nós se casemo,
Nós que tanto se queremo,
Pro que esperamos pro quê?

Vancê não falou comigo
E eu com vancê, pro castigo,
Deixei de falá também,
Mas, no decorrê dos dia,
Vancê mais bem me queria
E eu mais te queria bem.

- Cabôco, vancê não presta,
Vancê tem ruga na testa,
Veneno no coração.
- Rosinha, vancê me xinga,
Morde a surucucutinga,
Mas fica o rasto no chão.

E de uma vez, (bem me lembro!)
Resto de safra... Dezembro...
Os carro afundando o chão.
Veio um home da cidade
E ao coroné Zé Trindade
Foi pedir a sua mão.

Peguei no meu cravinote
Dei quatro ou cinco pinote
Burricido como o quê,
Jurgando, antes não jurgasse,
Que tu de mim não gostasse,
Quando eu só amo a vancê.

Esperei outra kremesse
Que o seu vigário viesse
Pra que nós dois se casasse.
Mas Deus não quis que assim sêsse
Pro mais que nós se queresse
Pro mais que nós se gostasse.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Keep up the good work
» » »

5:09 PM

 

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