98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

13.9.04

fui na exposição 60 anos de chico buarque.

a exposição é pequena. mas é bem dividida. mostra a infância de chico, algumas fotos na escola, desenhos, cadernos, livros. a família. aí vem a parte dos artistas que o influenciaram: joão gilberto, ataulfo alves, dorival caymmi e lá vai muita gente nessa etapa. depois o primeiro disco (bichinho! rodeado por um bando de tiete e um montão de disco para dar autógrafo.) um telão mostra o mocinho de smoking (ô, mamãezinha!) cantando a banda no festival da record. um pôster desse tamanhão mostra chico, nara leão e muitos outros em uma passeata com um cartaz de abaixo a repressão. outro telão com especiais para a tv, depoimentos de amigos e outras delícias musicais - mas não vi se passou o programa Chico & Caetano, deve ter passado. Mais um pôster mostrando o desfile que a mangueira fez para ele - uma ala com cartazes formando o rosto dele.
daí vêm os originais das letras (menina, quase que eu choro). são páginas de cadernos, folhas datilografadas e até um saco de vômito da vasp com a letra de bom tempo! ele se inspirou no vôo rio-sp e não tinha papel. escreveu naquele saquinho mesmo, e guardou!

tem um bilhete de clarice lispector para ele (tá até no livro a descoberta do mundo), um bilhete-denúncia da estilista zuzu angel avisando que, se morresse em qualquer circunstância suspeita, era porque denunciou o assassinato do filho stuart angel pelos monstros da ditadura dos anos 60 (o rapaz, não é nem preciso dizer, era de esquerda). eu vi o linha direta sobre esse caso e fiquei emocionada - deu outra forma ao que eu tinha visto na tv - tava ali, manuscrito, um pedaço de uma história horrível do brasil. fiquei com o olho cheio de lágrima, a garganta deu um nó e o meu medo de militares aumentou uns mil pontos. vi também cartões e telegramas ameaçando o chico de morte, enviados pelo comando de caça aos comunistas. deu frio na espinha.

muitas fotos (poderiam ser muito mais), cartas de tom jobim para o chico, meu deus, tom era dono de um coração imenso, todas as capas de disco, computadores para você escolher a música que quer ouvir, fotos dele com marieta e as filhas pequenas, letras censuradas pelos motivos mais absurdos (uma, por conter cachaça e cuspe - deus lhe pague - que o censor achou que eram palavras que não eram adequadas a uma boa letra. uai, e a uma letra ruim, seriam?) e entrevistas com o julinho da adelaide, pseudônimo dele para escapar da censura. pois o jornalista - mario prata - fez a entrevista com o tal julinho (na verdade, o chico se passando por ele) e botou até a foto de um cara como se fosse ele. e ainda na entrevista o julinho detonava o chico, dizendo que "chico buarque está aparecendo às minhas custas". imagino a risadagem entre chico e mario prata na hora de fazer essa entrevista de mentirinha e todo o povo acreditar que existia, sim, um julinho da adelaide.

dizendo assim parece muito, mas diante do acervo e das possibilidades achei a exposição pequena.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Enjoyed a lot! »

4:29 AM

 

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