98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

20.12.01

pq dividir é multiplicar alegrias

Ana Maria escreveu e mandou para mim, eu divido com vocês. Como um sorvete entre amigos, hein, Ana Maria?

Abraspas

Na minha infância conheci o Zé. Tinha várias profissões : louco, mendigo, andarilho. Corria a cidade :
- Dá quarqué coisa, pelamordedeus, dona!
E saía ele feliz, com sua coleção de quarqué coisas : prato de comida, roupa velha, brinquedo quebrado, cabo de panela, carretel de linha vazio, pipa sem rabiola. Aos meus olhos infantis, Zé era mágico. Pousava o sorriso banguelo em cima das coisas que ninguém queria, e as transformava em objetos da minha cobiça. Eu teria trocado tudo que era meu pela satisfação provocada por suas quarqué coisas. Zé nunca aceitou. Nem minha bicicleta novinha por uma revista velha que ele fingia ler, às gargalhadas, sentado na calçada em frente à minha casa.
Hoje eu sei a razão : o louco do Zé me enganava. Essas tais quarqué coisas ele já as trazia, usava das nossas inutilidades para amenizar a estranheza que teríamos ao ver alguém feliz por nada, ou por tão pouco, ou por ... qualquer coisa.
Ter desmascarado o Zé me faz feliz. Está entre as minhas quarqué coisas favoritas...


fechaspas

Me diz uma coisa: Ana Maria não é maravilhinda?