98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

22.10.01

Querido diário

Escrevo diário, entre poucas pausas, desde os 10 anos de idade. Quando me mudei para o Rio, guardei todos numa caixa muito grande, que está no maleiro do meu antigo guarda-roupa na casa da minha mãe. Contei mais de 50 cadernos e muitas agendas. Vi minha letrinha escrita a lápis, as páginas de descobertas, alegrias, revoltas e medos. Lembrava de quase tudo. As capas feitas com carinho e falta de jeito. As pessoas que já foram embora, o nascimento das sobrinhas, algumas viagens, o primeiro beijo no primeiro namorado (ele era meu primeiro namorado, eu era a primeira namorada dele. E a gente namorou uma semana até ter coragem de beijar). Faculdade, emprego, aborrecimentos, shows, amizades, amores, Fred. Poesias minhas e alheias. Figurinha, recorte de revista, ingresso de cinema, flores. Fotos, escritos de gente querida. Coisas que deram certo, coisas que deram errado, planos de cortar o cabelo e listas e mais listas de músicas para gravar. Festas de 15 anos, festas de formatura. Amigas que dividiam a falta de sentido do mundo e os sonhos de conquistar isso tudo que está aí fora. As decepções e alumbramentos enchendo páginas, letras de músicas, colagens, um nome amado escrito mil vezes. Tudo isso guardado numa caixa de papelão branco com meu nome, muito bem lacrada. Um peso danado para carregar. Mas trago tudo isso dentro de mim.

E, sim, ainda escrevo. Um caderno de capa escura, guardado na minha gaveta. Além deste blog, é claro.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nuss muito legal** eu também escrevo diário**

9:45 PM

 

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