98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

8.10.01

Eu quero a paz de criança dormindo...

Nasceu Clara Alice, sobrinha de Gil, e ela tá toda besta. É um amor novo, pq é a primeira sobrinha, primeira neta, primeira filha do irmão dela... E as suas palavras estão tão lindas, chega dá para ver o olho brilhando e o coração saindo pela ponta dos dedos quando ela escrevia.

Gil, esse é só o começo. Clara Alice vai fazer muita coisa bonita. Ela vai rir e vc vai dizer que foi para vc, a sua mãe vai dizer que foi para ela e seu pai vai garantir que ela estava olhando para o vovô. Clara Alice vai estender os bracinhos para vc pegá-la e garanto: vc vai virar uma pamonha na palha. As sobrinhas dominam o mundo, vc não sabia não? Elas só precisam inclinar a cabecinha assim e botar bico: a gente faz tudo por elas. TUDO. Tudo que vc nunca sonhou em fazer: trocar fralda suja é só o começo. Faça do quarto da tia Gil um quarto da Telinha: faça ela bagunçar, mandar no espetáculo. Enquanto ela for nenenzinha tá tudo calminho, só tem choro de madrugada e esse é assunto pro pai e para a mãe dela. Essa é uma das melhores coisas da vida: ser tia. A gente só tem que amar, brincar, fazer folia. Responsabilidade é com os pais. A gente tá aqui para estragar a criança :)

Quando Aninha nasceu eu tinha 13 anos e morava em Surubim. Minha mãe tinha ido para Recife ficar com minha irmã Lu, eu e papai só iríamos lá quando o bebê nascesse. Era um dia 19 de março, dia de procissão de São José, padroeiro da cidade. O telefone tocou e de repente painho grita: Nasceu!!!!!!!! E eu fui correndo pro portão de casa, para ver a procissão que passava na minha rua e pedir a São José que cuidasse da menina. E eu estava tão feliz, mas tão feliz, que comecei a pular num pé só pela casa inteira.

No dia seguinte eu vi o bebê. Uma trouxinha dormindo num bercinho de acrílico. E só tive coragem de pegá-la no colo quando ela já tinha meses de vida: eu tinha medo de quebrar Aninha...

Já Maria Clara foi diferente. Eu já morava em Recife e fui visitar pouco depois que ela nasceu. Ela era pequenina e carequinha, e no primeiro ano de vida não gostou de mim. Eu pegava no colo e ela chorava, chorava, me desesperando: ela não gosta de mim, o que foi que eu fiz? Depois a fase passou, quando ela fez dois anos, e virou o oposto: Clara me adora até hoje.

Eu sou absolutamente louca pelas duas. Dou minha vida, fácil, fácil. Sou tia, madrinha, mãe-drinha. Quero ser amiga delas para sempre, pq, além do sangue que nos liga, eu admiro as duas e elas sabem disso: são pessoas de bom caráter, são inteligentes, são carinhosas, são criativas. Eu olho para elas e vejo o que há de bom no mundo, e quero protegê-las de tudo, mas não posso e não devo. Tenho a maior fé em Ana Luiza e Maria Clara. Vocês ainda vão ouvir muito falar delas, e não só por mim.