98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

14.5.12

Esta semana tem lançamento do livro da Fal, Sonhei que a Neve Fervia, aqui no Rio.

E eu tou há um tempão para falar desse livro, que já li e reli e tresreli tantas vezes que não sei. mas não é fácil.

Deixa eu explicar melhor: eu - e outros amigos, claro - acompanhei a história. ao vivo. eu sou citada numas partes do livro, numas eu fico triste (mas que foi isso que eu falei, meu deus), noutras eu fico boba. ver uma história vivida dentro de um livro é muito estranho. e o livro puxa a gente prá dentro dele, porque a fal escreve prá caralho e a dor dela dói na gente, e o livro é um tributo ao alexandre que, meu deus, eu não conheci quase nada, como ele era maravilhoso e eu só falava "oi alê, tudo bão?". mas peraí, deixa eu voltar pro livro.

livro é uma coisa seríssima para mim. então, tava lá eu dentro do livro da fal e o livro começou a acabar e eu ficando cada vez mais envolvida ao ler uma história que eu vi acontecer. e o livro acabou e uma sensação de mal-estar me invadiu por um tempo e eu não sabia o que era, era além da tristeza da dor e da perda dela, que desenterram as nossas próprias dores e tristezas. até que eu me lembrei de bastardos inglórios. e foi isso o que eu queria secretamente, que eu desejava sem perceber, que eu esperava do fim do livro: que ele mudasse a história. eu fiquei imensamente triste porque o livro acabou como na vida real. como se, no fim do livro, pudesse haver a redenção do alê e da lígia continuarem vivos, como se a frase final pudesse ser "e então eu acordei e tudo estava normal."

porque um livro pode absolutamente tudo.

mas esse não pôde.

e o desamparo bateu forte e veio a vontade de pegar a fal e enrolar num cobertor e correr com ela para onde a dor não alcance, para além do horizonte, enfim, prá antes do começo do livro.