Para a minha falmiga secreta, Raquel!
Raquel, é muito divertido ser sua secret falfriend. E the book is on the table e little potato when borns hahahhaha :)
Escrever sobre o Natal para quem gosta de Natal é fácil e complicadíssimo. É fácil pq eu também gosto de Natal, embora prefira o São João, e complicadíssimo por conta dos clichês. Então, eu vou contar uma lenda que corre na minha família há gerações.
Raquel, numa noite de Natal eu vi um anjo. Eu tinha quatro anos, a gente estava veraneando numa casinha de praia. Uma casinha de porta e janela amarela. Era noite de Natal. Olhei para cima e disse, olha um anjinho! Todo mundo procurou o anjinho, ninguém viu nada. Meu pai disse - engraçado, eu não lembro do anjo, não lembro de nada, mas dessa parte eu lembro - meu pai disse que era uma nuvem que tomou banho de água sanitária. Eu bati meu pezinho. Era anjo sim senhor e ficou sendo, embora ninguém acreditasse.
Então, Raquel, Natal é isso. É a gente ver (ou imaginar) o anjo que ninguém mais vê. É se emocionar com o presente que o seu Abílio deu pro parque Ibirapuera. É abstrair da grana que se gasta em caixinhas para tudo que existe no mundo, do trânsito, do calor, do empurra-empurra e da obrigação de ser feliz, magro, loiro e usar chapinha. É tentar fazer só a retrospectiva das coisas boas. E tirar algum proveito das ruins, nem que seja só para dizer "meu pai eterno, não permita que eu faça mais tamanha besteira".
Natal é lembrar que o motivo da festa não é papai noel. E é ser o papai noel de alguém. É rir do stress antes que ele contamine nosso fígado. O remédio é falar besteira. Tem coisa melhor? Ter, tem, mas falar besteira está no top 5 de qualquer serumano da nossa FALmília.
Este texto é meu presente, e nele te desejo, sempre, todas coisas que te fazem feliz. Mas não as coisas grandes, tipo a mega-sena ou a paz mundial. Eu te dou de presente a capacidade de reconhecer as felicidades minúsculas.
Raquel, meu presente para você é a borboleta que passa na frente da gente, o miado do gatinho, o vento que despenteia o cabelo, a nuvem com formato de ursinho, de girafa, de nuvem mesmo. É o dia quente com chuva de tardinha, que vem para refrescar e não para atrapalhar. É o cheiro do panetone. É a criança que entrega desenho e diz "é prá você!" O coelho branco da Alice. O seu time ganhando o jogo. O trânsito livre na rua. Aquele moço que olha para a gente de tal jeito que faz valer o dia, o mês, o ano, olhar que desaparece com nossas celulites, com as inseguranças e que dá vontade de responder baixinho no ouvido dele "eu sei que eu sou bonita e gostosa..."
Meu presente para você é a carta da pessoa querida, é o dinheiro que estava esquecido no bolso da calça e a gente acha num momento de aperto, é o brigadeiro comido de colher assistindo sessão da tarde, é o texto da Fal que emociona e faz rir, é a música que dá vergonha e saudade da adolescente você foi, é ir ao cinema e não ter celular tocando no meio da sessão, é sair de alma lavada do filme, é ter todos os motivos para ser feliz apesar do mundo inteiro dizer que não dá.
Não sei se meu texto está coisudo o suficiente. Sei que foi feito com carinho e bom humor. E es-pe-ci-al-men-te para você. Que é sweet as sugar :). Foi milimetricamente estudado, este texto, Raquel, para te deixar com um sorriso bobo por alguns minutos. E, se eu acertei na quantidade de bobagem por linha, você vai ficar meio lesa um dia inteirinho.
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