98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

4.11.03

Não é porque eu faço parte da Torcida Unga-Munga, não. Mas na minha opinião o Schumacher nunca vai ser uma lenda da fórmula um, nunca vai ser um herói. Será sempre um recordista. O cara que ganhou seis vezes. O mago das estatísticas, mas nunca o alvo da paixão dos aficcionados pelo esporte.
Michael não tem o carisma do herói. Senna tinha, mesmo antes de sua morte trágica, nas frentes das câmeras. Senna seguiu a máxima do James Dean, viva rápido, morra cedo e faça um belo cadáver. Mas, se para os fãs japoneses, uma torcida fervorosa e cada dia maior, Senna só alcançou o status de deus do esporte após a sua morte prematura, para a gente ele já era. Além de ser isso tudo, ele era um grande cara. E muito do bem que ele fez a gente só soube depois. Das pessoas que ele ajudava em sigilo, por exemplo.
Há anos-luz que separam o Michael de caras como o Senna. E até de caras como o Piquet, notório mau-caráter que a gente ama odiar, mas um piloto do caramba.
Senna jamais mandou outro piloto fazer seu servicinho sujo. Jamais usou jogo de equipe para tirar a vitória da mão do companheiro. Mesmo no pega-prá-capar entre ele e Prost, nunca tratou o francês com o desprezo que o alemão trata o Rubens. E Ayrton sempre ganhou seus campeonatos com o suor do seu rosto.
Essa é a diferença básica entre o alemão e o brasileiro. Enquanto um vai ter seu lugar de destaque, merecido pelo hexacampeonato, sempre que se falar em fórmula um, Ayrton vai sempre ser uma estrela.
É a diferença entre ser competente (que Shumacher é) e ser extraordinário.