ela foi encontrar com o poeta
Obituário - O Globo
Lygia Fernandes, aos 74 anos
“Deus me deu um amor no tempo de madureza,/ quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme./ Deus — ou foi talvez o diabo — deu-me este amor maduro,/ e a um e outro agradeço (...)”.
Esses versos de Carlos Drummond de Andrade, no poema “Campo de flores”, foram dedicados à bibliotecária Lygia Fernandes, um amor no meio do caminho do poeta, que tinha 50 anos, 25 a mais de estrada do que sua musa, quando a conheceu na Biblioteca Nacional. Era o ano de 1951 e a história de amor dos dois durou 36 anos.
Também foi para ela, segundo dizia, que Drummond fez os 40 poemas eróticos que compõem o livro “O amor natural”. Quando foi lançado, depois que Carlos Drummond de Andrade morreu, o livro levantou polêmica porque tinha versos sobre os prazeres da carne.
Em 1990, três anos depois da morte do poeta, Lygia disse, numa entrevista, que ela e Drummond costumavam andar de mãos dadas pelas ruas de Ipanema. Do romance entre os dois, além da lembrança, ela guardou quatro cadernos de poemas e desenhos feitos por Drummond. A bibliotecária, que morava sozinha em Ipanema, morreu domingo, aos 74 anos.
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