Mestre do Dark
Autor de "Sandman", Gaiman volta ao mundo das HQs com o romance "Stardust", que acaba de chegar ao Brasil
Diego Assis, da redação - Folha de São Paulo, sexta feira, 22 de fevereiro de 2002
Se hoje falar em "quadrinhos de adulto" não soa mais paradoxal, isso se deve ao ex-jornalista inglês Neil Gaiman. Roteirista responsável pela consagração da revista "Sandman", da DC Comics, como um dos títulos mais lidos e mais premiados da história das HQs, Gaiman aliou o universo do pop rock dos anos 80 ao mundo de fadas, elfos e seres fantásticos da literatura inglesa do século 20.
Com o desenhista Charles Vess -cuja parceria no 19º número de "Sandman" rendeu-lhe um World Fantasy Award-, Gaiman volta às suas fantasias em "Stardust", romance com 175 ilustrações que sai agora no Brasil.
Entre uma xícara de chá e outra, de sua residência em Minneapolis (EUA), onde vive com a família e dez gatos, Neil Gaiman, 41, deu esta entrevista à Folha.
Folha - "Stardust" lida com o universo de seres fantásticos de outros trabalhos seus como "Sandman" ou mesmo "O Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien.
Neil Gaiman - Trabalho um universo anterior à tradição de Tolkien. No início do século passado, na Inglaterra, havia um tipo de ficção que, embora fosse voltada para os adultos, usava elementos de encanto, perigo e beleza.
Folha - Como você avalia a parceria com Vess?
Gaiman - Ele é um dos grandes ilustradores da tradição das histórias de fantasia. Escrevi "Stardust" pensando no que ele poderia desenhar a partir daquilo. Sempre que terminava um capítulo, eu o lia para o Charles.
Folha - Sua inclinação ao "mundo das fadas" vem da infância?
Gaiman - No começo dos anos 70, uma editora americana passou a publicar uma série de clássicos como "The Faerie Queene". Tinha 12 anos e carregava os livros comigo. Parte da diversão de escrever "Stardust" foi me reaproximar disso, usando um pouquinho mais de sexo e violência.
Folha - Autores como você e Terry Pratchet são considerados best-sellers da literatura fantástica contemporânea. Como você lida com isso, tendo surgido do underground dos quadrinhos?
Gaiman - Não penso muito sobre isso. Mas tenho muito orgulho do Terry, que conseguiu entrar para o mainstream das livrarias e nunca negou o fato de ser um escritor de fantasia. A maioria dos escritores do gênero, como J.K.K. Rowling, de "Harry Potter", esconde isso quando começa a fazer sucesso. Mas adoro o fato de todas essas crianças estarem lendo "Harry Potter". Em cinco anos, suas cabeças serão minhas.
Folha - Depois de um bom tempo dedicando-se a escrever contos, romances, roteiros de TV e de rádio, você está voltando às HQs a convite da Marvel. O que o trouxe de volta?
Gaiman - Nunca brinquei no parquinho que Stan Lee e Jack Kirby [criadores de Homem-Aranha, X-Men, entre outros" construíram quando eu era pequeno. Será uma série de seis episódios chamada "1602", mas não quero dizer nada enquanto eu ainda estou escrevendo. Com sorte, você vai ver esses clássicos da Marvel como se eles estivessem sendo escritos pela primeira vez.
Folha - Como você vê a reformulação dos personagens da Marvel, como os da linha Marvel Knights, escrita por independentes como Grant Morrison e Garth Ennis?
Gaiman - Contratando gente como o Grant, a Marvel está voltando a perceber que os quadrinhos são um meio de contar histórias.
Folha - Como você conheceu Alan Moore (roteirista de "V de Vingança", "Watchmen" e colaborador de Gaiman em alguns títulos da DC)?
Gaiman - Estava como jornalista em uma convenção e pedi a ele que me mostrasse como escrever um roteiro de quadrinhos, e ele fez o que eu pedi. Logo depois ele leu os primeiros scripts que eu escrevi [para a revista "AD 2000"".
Folha - O quanto de Morpheus, protagonista da série "Sandman", foi inspirado em você?
Gaiman - Sempre usei preto, e é ele quem cria as regras da história, do mundo dos sonhos. E eu também: é assim que ganho a vida.
SARDUST - romance de Neil Gaiman e Charles Vess. Lançamento: Conrad Editora. Quanto: R$ 55 (208 págs.).
eu aaaaaaaaaaaaamo esse homem!!!!!!!!
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