temo por minhas violetas
muriel se soltou, está os pés da besta. Já virou um vaso de terra que estava no quartinho, comeu quase uma fatia inteira de presunto, xeretou o que pôde e o que não pôde do meu jantar ontem (tente comer com uma gatinha em cima da mesa querendo saber o que é que está no seu prato e pq você está mexendo a mão) e agora deu de endoidar o pobre do atum.
santo feronômio, batman. o pobre já está ficando rouco de tanto miar e fez mais exercício hoje do que no ano inteiro. muriel corre para lá. atum vai atrás. muriel muda de idéia, sobe num móvel, atum fica junto, miando não sei pq. tá a própria cena do balcão felina: muriel encarapitada em alguma coisa, atum embaixo, minhéuminhéu.
temo por minhas violetas, disse lá em cima. muriel aprendeu a arrancar as folhas delas.
não que muriel e atum não se entendam: é que eles estão começando a se entender, e até já se cheiraram. mas atum não tem companhia há vários anos e está meio fascinado por muriel, que não é de brincadeira nem de se jogar fora. e é meio cathy, da megera indomada. só que o lado petrucchio de atum ainda não se manifestou.
mas, mudando de assunto:
quando vc tem uma gatinha de quatro meses em casa, você percebe que tudo pode ser motivo para exploração e aventura. a sua estante, por exemplo, é ótima para escalar. as garrafas de água mineral que você colocou na geladeira e sobrou o plástico da embalagem, então... esse plástico é uma coisa muito interessante para brincar. uma pilha de jornais num canto logo logo vira avalanche. o cordão da cortina, os fios do computador, o telefone tocando: tudo isso chama a atenção. uma liga de cabelo que caiu no chão é diversão para mais de meia hora.
não é mais sua casa, é um planeta desconhecido com uma gata exploradora audaciosamente indo onde nenhum gato já foi.
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