98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

12.3.04

bati de frente com uma emoção

quando vim de recife pro rio, trouxe algumas fitas cassete que eu já não ouvia há tempos, mas que eram importantes para mim. uma delas era uma gravação feita comigo, aos quatro anos de idade. estava muito danificada, e há alguns meses eu a mandei para um amigo tratar o som no computador.
hoje, quando falei com ele, tocou um pedacinho da fita para mim.
ouvi minha voz bem fininha cantando uma música que dizia "bem-te-vi, bem-te-vi" e uma voz grossa me perguntando alguma coisa que eu não entendi o que era.

parei, gelada.
era a voz do meu pai.


não há registros da voz dele. não há filmes gravados em vídeo. e, de repente, lá de 1974, meu pai me perguntou alguma coisa que eu não entendi porque desabei num choro de saudade e felicidade.

rima fraca, reconheço, mas a mais pura verdade. chorei de feliz, de emoção, por ter ouvido a voz dele, moço ainda, quarenta e tantos, na casa da gente em paudalho, no interior de pernambuco. naquela casa, cris, das palmeiras.

e eu cantando a música do bem-te-vi.