André, que escreveu esse texto, é amigo de uma amiga minha e agora mora em sumpaulo. as pamonhas foram publicadas no site do estadão. tá aqui o link
Piracicaba não inventou a pamonha
Só está habilitado a comentar festa junina quem conhece todas.
Como eu, que só conheço a de Caruaru. Mas quem já foi à de Caruaru já foi a todas as outras. Juntas. Porque no São João o Nordeste inteiro é um só. E tem outro Luiz por presidente, um de asa branca que bateu asas e voou. Mas todo São João ele volta, sorrindo.
Festa junina, das boas, tem de arder fogueira nos olhos, estragar uma roupa, provocar um ciúme. A coisa é tão animada que todo ano tocam as mesmas canções e isso não é um defeito.
Enquanto o carnaval é cheio de libido e sacanagem, o São João pede para você olhar pro céu, meu amor, olha como o verde dos teus olhos se espalha nos braços do meu xodó. Mas no meio de tanta saudade e delicadeza, o povo não perde tempo: só dança agarrado, fungando e batendo coxa no escuro. Que São João é festa de fertilidade.
Se você não sabe dançar forró, aprenda. Novatos geralmente treinam com uma vassoura (as meninas que acabam sobrando para eles se parecem muito com uma). Comida é mugunzá, pamonha, canjica e cuscuz. Na Bahia, esses nomes significam as mesmas coisas, só que em outra ordem. Não tente entender, coma. Tudo terá gosto de milho.
Se você não vai poder ir a Caruaru, veja aí do lado as dicas dos melhores simulacros locais. Para ir vestido a caráter, passe na Galeria Ouro Fino. As camisas modernetes na verdade são caruaruenses - só que mais caras por causa do frete.
André Laurentino é nordestino, mas só sabe dançar forró bem aqui em São Paulo.
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