98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

3.10.02

por-ra-da! por-ra-da!
olha o que saiu na coluna pit stop do globo de hoje! quem escreveu foi o Celso Itiberê.


Choro equivocado

A superioridade da Ferrari está fazendo com que os patrões das equipes adversárias deixem de lado a pose. Pode haver algo mais infantil do que pedir a Bernie Ecclestone que impeça Jean Todt & Cia. de fazer jogo de equipe? É coisa de menino que leva um cascudo na rua e vai chorar no colo da mãe e pedir que ela assuma sua defesa. Melhor seria preparar-se e tentar a revanche na pista.
Não há de ser uma proibição deste tipo que vai trazer de volta a competitividade à Fórmula-1. Morro de rir quando vejo Eddie Jordan, David Richards, Flavio Briatore, Niki Lauda e outros nomes ilustres da categoria irem chorar no colo do imperador Bernie.
Ora, gastem seu tempo exigindo criatividade e invenção dos engenheiros, porque só com estes dois ingredientes e mais uma dose reforçada de coragem vai ser possível ter equipamento para brigar com a Schumacher e Barrichello.
Não há fofocas que resistam aos números. E o fato de escolher qual de seus pilotos deve vencer não esconde a esmagadora supremacia italiana.
Schumacher, por exemplo, subiu ao pódio em todas as corridas nesta temporada. E se o fizer de novo em Suzuka, no dia 13, baterá mais um recorde: será o único piloto na história da Fórmula-1 a ter chegado entre os três primeiros de começo a fim do Mundial.
O alemão vai mais longe. Conseguiu, nos Estados Unidos, o seu 18 pódio consecutivo — já havia estado lá nos GPs dos EUA e do Japão na temporada de 2001. É outro recorde.
Que a Fórmula-1 precisa repensar o seu Mundial me parece definitivo. A Ferrari se dá ao luxo, desde que Schumacher conseguiu seu quinto título mundial, a decidir qual de seus dois pilotos vencerá. Estava acertado, por exemplo, desde a Hungria, que Rubens Barrichello venceria três corridas, entre elas a da Itália e a dos Estados Unidos.
O que se viu na pista foi claro. Schumacher pisando no freio, no fim da reta, para permitir que Rubens saísse dos boxes à sua frente. Schumacher dominando autoritariamente a corrida e chamando Rubens para vencer na última curva.
Tudo isso faz parte de um script preparado há longo tempo pela Ferrari e endossado pelos pilotos.
É ruim essa armação para a Fórmula-1? A resposta é sim. Mais do que ruim, péssimo, porque acaba com o espírito esportivo, baseado na competição.
No meu entender, porém, pior do que seguir à risca o texto é o fato de os carros vermelhos serem absolutos. E os números mostram que não estou exagerando.
A Ferrari é tão dona da Fórmula-1 que se deu ao luxo de subir ao pódio, consecutivamente, desde o GP da Malásia de 1999. Isso mesmo, 1999, não há engano.
São exatas 52 corridas em que a equipe italiana vê um de seus pilotos entre os três primeiros colocados. Nesta temporada foram sete dobradinhas, por enquanto.
Diante destes números não adianta Williams-BMW, McLaren-Mercedes, Renault, Jaguar etc. irem buscar consolo no colo quente de Bernie Ecclestone. O que elas precisam é reagir tecnicamente, fazer um chassi perfeito, com motor poderoso e confiável e ótimos pneus.
Caso contrário, a Fórmula-1 vai ter que passar o mesmo filme: só vai dar Ferrari.