98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

8.9.02

Para Gil

Na sauna portátil a 300 km por hora

Repórter experimenta sensação de "voar" no circuito oval

Gabriela Boeing - Repórter do JB


CHICAGO, EUA - Enquanto aguardava, tensa, minha vez na Indy Racing Experience, evento que levou alguns privilegiados para um "voltinha" no circuito oval do GP de Chicago da IRL, o único conselho que ouvi do piloto Felipe Giaffone foi "relaxa e aproveita". "Só isso?", pensei.
No auge da ansiedade, esperava pelo menos ouvir alguns conselhos técnicos para minha primeira experiência no cockpit de um foguete que anda a 300 km por hora. O jeito foi vestir o uniforme de piloto, uma verdadeira sauna portátil: macacão, luvas, sapatos especiais, balaclava.
Mas o pior ainda estava por vir: hora de colocar o capacete e se preparar para a volta, avisou um técnico da IRL. Com o uniforme completo, dois ou três homens me davam instruções que pareciam importantíssimas antes de entrar no carro. Mas quem disse que, com aquele capacete e o barulho do circuito, consegui ouvir pelo menos metade do que me disseram?
Com a ajuda de dois mecânicos e uma escadinha, entrei no lugar reservado para mim, atrás do piloto que me guiaria. Com dois cintos fui presa àquele buraco apertado e ainda recebi mais uma proteção por cima dos ombros. "Tudo certo?", perguntaram. Mas antes de qualquer resposta, o piloto já arrancava para entrar na pista. Com o carro tomando velocidade, tive que conter a vontade de gritar de euforia.
Na primeira volta, ainda um pouco tensa, permaneci com as mãos agarradas numa espécie de volante sem utilidade. Nas curvas, a força das mãos aumentava mais ainda. À direita, só conseguia enxergar a roda dianteira do carro e o muro, que parecia próximo demais. Fui sentindo que a velociadade aumentava. Ao mesmo tempo, fui me soltando dentro do carro. Conseguia olhar a pista do circuito, ver passar muito rapidamente a entrada dos boxes.
Depois de cinco voltas, o carro voltou para os boxes, infelizmente. Deu vontade de pedir para o piloto: "ei, não pára~, não!" como uma criança que é tirada do parque de diversões.
Mas o carro já estava parado diante dos mecânicos que agilmente me tiraram do carro. O capacete não me incomodava mais. Nem o macacão era tão quente. De acordo com um dos mecânicos, minha experiência teve velocidade média de 250 km/h, chegando na reta a 280.
Além de ter elevado minha adrenalina a um nível nunca experimentado (depois dali, quem estava comigo teve que aturar pelo menos uma hora de comentários repetitivos de "muito bom! muito bom!"), saí do circuito com uma resposta para algo que questionei durante muito tempo. Agora eu sei o que motiva pilotos a arriscarem a vida dentro de um carro de corrida.