98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

7.10.03

vocês leram esta reportagem da folha de sumpaulo? saiu na ilustrada de domingo...


O mundo trata melhor quem se veste "bem"

A velha máxima do comercial é verdadeira: o mundo trata melhor quem se veste "bem" -ou é famoso. Pelo menos, o mundinho dos endinheirados paulistanos, como comprovou a repórter Cleo Guimarães, que visitou lojas e restaurantes em duas ocasiões. A primeira, vestida de maneira simples: calça jeans, camiseta e tênis. A segunda, mais bem arrumada, com roupas de grife ou acompanhada de uma celebridade.

Má notícia: foi ignorada ou maltratada pelos atendentes da Daslu e da Reinaldo Lourenço da primeira vez e bem atendida depois. No restaurante O Leopolldo, foi barrada na visita inicial -o motivo seria o tênis. Na noite seguinte, voltou com a apresentadora de TV Astrid Fontenelle, ambas de tênis; não só entraram como foram bem recebidas (leia defesa dos estabelecimentos em texto à direita). Boa notícia: em quase uma dezena de outras lojas, nomes como Cartier, Triton e Tiffany's, seus trajes não foram levados em conta.

Na última terça, a repórter vestiu sua calça jeans C&A, uma camiseta com a estampa da personagem de HQ Mafalda e um tênis All Star. Partiu para visitar as lojas e restaurantes mais sofisticados de São Paulo, para ver como seria tratada. O seu relato:

N'O LEOPOLLDO
Chego ao novo restaurante O Leopolldo, em frente ao shopping Iguatemi, por volta das 22h, acompanhada. É um dos mais caros da cidade, R$ 300 por refeição a dois. À porta, o segurança -que havia acabado de dar "boa noite" a uma cliente- fica com uma das mãos na maçaneta e outra na chave. "Querem falar com quem?"
Respondo que queremos mesa para dois. "Não sei se será possível", diz. Entra no restaurante e nos deixa de fora. Logo aparece na porta a hostess Jana. Bota a cabeça para fora e pergunta: "Pois não?". Repito o pedido. Ela nos mede: "Olha, vocês não vão poder entrar". Por quê? "Normas da casa. É proibido entrar de tênis", explica.

Na noite seguinte, volto ao restaurante. O par de tênis continua em meus pés. Assim como no de minha convidada, a apresentadora de TV Astrid Fontenelle. Nem bem descemos de seu Pajero, Marcos, o mesmo segurança que havia me barrado antes, nos abre a porta sorrindo e dizendo: "Boa noite".
Lá dentro, Jana não está, mas Andreza nos recebe com sorrisos. Sentamo-nos no bar, a funcionária Teresa vem fazer as honras da casa. "Que bom que vocês estão aqui!", ela diz. Em questão de minutos estamos sentadas e sendo atendidas por um batalhão de garçons.
Um dos proprietários, o decorador Jorge Elias, passa à mesa para cumprimentar Astrid. Dá uma risadinha para mim: "Prazer". Antes de irmos embora, Teresa nos convida a conhecer a outra parte do restaurante. Mostra cada detalhe e diz: "Voltem sempre, venham mais!".

NA DASLU
Assim que chego à Daslu Mulher, uma das lojas mais sofisticadas do Brasil, na Vila Nova Conceição, dou de cara com duas copeiras. Fico por ali um tempinho, esperando alguma dasluzete, como são chamadas as vendedoras. Nada.
Vou à seção de roupas importadas. Atrás de mim, ouço as vendedoras oferecendo "uma ajudinha" às outras clientes, apresentando-se, dizendo "é só me chamar...". Continuo sendo ignorada. O café e a água oferecidos às portadoras de bolsas Gucci e Fendi não são oferecidos para mim, sem bolsa.
Depois de uns 20 minutos, resolvo pedir ajuda de novo. Paro numa arara de calças de sarja da própria Daslu. Preço: R$ 248. Pergunto a uma vendedora se havia outras cores do mesmo modelo. Ela responde que sim -mas sem olhar para mim.
Pergunto seu nome. "Helena", ela fala baixinho. Peço que me traga uma calça. "OK", responde, sem nem perguntar o tamanho. Mais uns 20 minutos. Cobro Helena. "Estou superocupada atendendo outra pessoa, não vou poder lhe dar atenção."
Passa uma morena com quem eu já tinha esbarrado várias vezes na loja -e em nenhuma delas havia me oferecido ajuda. Falo que gostaria de ver a calça. Experimento, digo que ficou apertada e agradeço. Pergunto seu nome. "Ana Lu", responde, já se virando para outra cliente: "Oi, você quer uma ajudinha?".

Volto à Daslu no dia seguinte, no mesmo horário, desta vez de calça preta, um corpete também preto, com botas, tudo de grifes importadas. Entro. Assim que paro para olhar uns mantôs, uma vendedora se materializa à minha frente, sorriso nos lábios: "Oi, você quer uma ajudinha?".
É Suzana, que me mostra modelos Gucci, Prada, Ferragamo e Miu Miu. "Este é maravilhoso, não?", pergunta, oferecendo um Dolce & Gabbana de R$ 7.000. "Dolce é Dolce, né?"
Peço para ir ao toalete, ela me mostra onde é, me dá uma chave e diz para eu trancar a porta, "para ficar mais à vontade". Pergunto até que horas trabalha. "Estou aqui até as três", ela responde, já emendando: "Se voltar, me procure; Suzana".

NA REINALDO
Um rapaz que me olha de cima a baixo fuma encostado em um carro, em frente à loja de Reinaldo Lourenço, na Bela Cintra. Entro. Ele continua lá. A loja está vazia. Fico 20 minutos vendo roupas, tusso para ver se alguma vendedora ouve. Não.
Uma loira sai do canto dos provadores, olha e volta. Peço ajuda a uma costureira, que vai ao canto e fala algo. A loira e uma amiga saem e vêm em minha direção. Peço ajuda. Elas se entreolham e sussurram. Disputam quem não me atenderia. "É sua vez", termina a amiga.
Cabe a Carol, a loira, a tarefa. Coloco a mão em um dos vestidos expostos. Sem que eu pergunte, ela me avisa: "Aí tem as roupas da promoção, com 70% de desconto, se o pagamento for à vista". O rapaz que fumava na porta me observa encostado no balcão. Ele também é vendedor.

Volto no dia seguinte com a mesma roupa que fui à Daslu. Como da outra vez, nenhum cliente na loja. Nem bem entro, e Ana Cristina, uma simpática vendedora, aparece e pergunta se quero ajuda. Digo que estou só olhando e ela responde, solícita: "Nesta arara estão as peças da coleção nova".
Reclamo do calor, ela se dirige imediatamente ao canto onde as duas vendedoras conversavam ontem e pede a um vendedor que aumente o ar. É o mesmo que fumava na rua no dia anterior. Hoje sorri, simpático.

OUTRO LADO

Proprietários condenam prática

Fernanda Abdalla, assessora de imprensa da Daslu, disse à coluna que Eliana Tranchesi, uma das proprietárias da butique, "sempre pede às vendedoras para que tratem todos os clientes de forma igual, sem distinção". Segundo ela, para a Daslu, "todos os clientes são especialíssimos" e suas funcionárias têm instruções das donas para serem tratados como tal. "Mas sabemos que, infelizmente, não é sempre que isso acontece", afirmou Fernanda.

Adriana Lopes, do departamento de marketing de Reinaldo Lourenço, disse que "ótimo atendimento é o que Reinaldo mais cobra de sua equipe de vendas e, em função disso, é muito elogiado por seus clientes e amigos". De acordo com Adriana, o estilista -que exige que os vendedores tratem todos na loja da mesma maneira- ficou "triste e surpreso" com o fato relatado pela reportagem.

Beth Gavião, assessora de imprensa do restaurante O Leopolldo, afirmou que "não é prática do restaurante impedir a entrada de nenhuma pessoa, seja quem for". Disse também que no estabelecimento não existe "nenhum tipo de preconceito, nenhuma norma que impeça um cliente de entrar". Segundo ela, impedir a entrada de uma pessoa por estar usando tênis "foi uma decisão arbitrária da recepcionista, que foi repreendida". A assessora afirmou ainda que tal fato não irá se repetir.

Lojas de grife trataram bem
Pode ser a crise, afinal, todas as lojas visitadas pela reportagem estavam vazias. Pode ser a evolução dos tempos. Mas não deixa de ser surpreendente: muitas das sofisticadas grifes procuradas atenderam a repórter com simpatia e profissionalismo, sem ligar para seus trajes.

Na joalheria Tiffany's do shopping Iguatemi, a vendedora Mi Kyong Kim não relutou em tirar de uma vitrine trancada um dos modelos mais caros dos relógios à venda (R$ 19.665). Além de explicar seu funcionamento, ela voluntariamente apresentou outros modelos tão caros quanto, sem a menor pressa.

Na Natan, o vendedor Iran também pareceu simpático e prestativo, mostrando tudo com calma. Igualmente simpáticos foram os funcionários da imponente Giorgio Armani (que chegaram a oferecer chá e bolachas) e da Triton, ambas nos Jardins.


O QUE DIZ A LEI

Advogados comentam o caso
De acordo com o advogado e ex-juiz Luiz Flávio Gomes, ignorar a presença ou impedir a entrada de uma pessoa em local privado por sua vestimenta não configura crime. "Não há na legislação brasileira nada específico sobre o assunto", disse. Assim, não há enquadramento penal para quem discrimina por isso.

No entanto, esse mesmo caso, segundo ele, é passível de indenização por danos morais. De acordo com o advogado, a pessoa que é impedida de entrar em determinado estabelecimento em virtude de seus sapatos pode se sentir "humilhada, diminuída e ter a auto-estima afetada".

Já o advogado e procurador do Estado Eduardo Muylaert afirmou que, "tecnicamente, o restaurante tem o direito de impor trajes aos seus clientes". Segundo ele, o fato de o estabelecimento eventualmente abrir exceções para pessoas famosas "não o impede de manter suas regras".


pois é... diga se isso não lembra a melhor cena de pretty woman? da próxima vez que te olharem de cima a baixo numa loja metida a sebo, diga que é repórter da folha de são paulo! ;)

3 Comments:

Blogger Unknown said...

É assim mesmo, tbm passei por isso e olha q num era nenhuma butique de luxo naum. Só pq estava c/ farda de colégio, a vendedora botou a cabeça fora da loja me disse o preço e fechou a porta de vidro, nossa me senti um lixo.

9:01 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Estou de acordo em que se respeita as regras e normas das lojas, é privado, assim como uma casa, ou alguem vai pertimir que entre qualquer um na sua casa, privado é privado publico é publico e ainda sendo assim publico sempre tem normas, como quando se vai a pedir uma informação a gente tem que fazer fila e a gente espera horas para ser atendido tudo isso são normas e regras que se tem que cumprir, senão estariamos morando num mundo em que todos vão fazer o que quiser, ate numa festa se pergunta como vai ser posso ir de traje ou posso ir com sandalias, só perguntar quais são a normas e pronto ai ninguem se va sentir constrangido, mas existe muitas pessoas que não gostam de normas e querem fazer o que eles querem, o fato de ofertar uma venda ou fazer um serviço, não quer dizer que nos estamos vendendo por uns trocados.

5:42 PM

 
Anonymous ALINE MELLO said...

Ja trabalhei na loja Daslu onde me sentia mto mau pela indiferência dos demais sempre qndo havia um cliente bem arrumado com trages de grife era super bem atendido mas um dia se aproximou um rapaz d bone com roupas de marca tng onde uma das vendoras olharam e falaram é pobre nem atende!!! achei ridiculo mas infelizmente é a vida!!! bjus Aline mello.

10:42 AM

 

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