98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

28.9.03

passando hoje de manhã pelo largo dos leões, que tem canteiros floridos de margaridas amarelas (bem pequenas, estão lindas e qualquer dia desses tiro uma foto), vi as oferendas para cosme e damião. pratinhos de doce. abri um sorriso deste tamanho. num deles havia uma cigana de vestido dourado, acho que é para atrair dinheiro.

sempre há oferendas no largo. ao lado de uma árvore - não sei o nome dela, que pena - há um jarro com uma rosa vermelha, entre outras coisas. toda vez que eu passo, eu olho a rosa: ela está sempre viva. não sei se é falsa ou se a pessoa troca todo dia.

não conheço esses rituais. acho bonito ter fé, não importa o caminho que a pessoa siga. e há um quê de lúdico em se ofertar para cosme e damião, os meninos. uma amiga minha ofertava bombons em canteiros floridos para agradar os erês. eu nunca fiz isso, nem sequer tomei banho de sal grosso, que já me garantiram ser muito bom.

minha família faz promessas, minha mãe acredita na novena milagrosa do menino jesus de praga - para ser rezada em nove horas em caso de desespero. minha irmã fez a simpatia da alga. conheço gente que já percorreu o caminho de três religiões aparentemente opostas e que segue buscando o seu jeito de encontrar com deus. tenho amigos judeus, ateus, evangélicos, católicos, kardecistas. cada qual tem sua fé, como tem seu nome e seus sonhos. eu acredito em fazer o bem e respeitar o próximo. respeitar a religião alheia como se espera que a sua seja respeitada.

eu até acredito que com os outros dá certo, mas não me vejo fazendo promessas ou simpatias. vou à missa de vez em quando, estar numa igreja católica me faz bem, me sinto em casa. afinal, foi nessa religião que fui criada, desde pequena, rezando antes de dormir para o anjo da guarda e para a mamãe do céu, pedindo bênção aos meus pais. discordo de muito do que é imposto, sigo minha cabeça quando tomo a minha pílula ou por viver com fred sem casamento formal. mas quando vovó morreu eu fui à missa em sua homenagem, ofertei em sua memória um buquê de rosas brancas para nossa senhora da esperança, e meu coração serenou um pouco da dor que sentia.

a casa do pai tem muitas moradas e para entrar nela basta um coração bom.