98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

16.1.03

acabei de chegar de edifício master.

je-sus. é gente de verdade, seu vizinho, meu vizinho. as histórias, os olhares. abrir a alma para uma câmera de cinema - é punk.
senhores e suas esposas, a menina que veio do interior estudar pro vestibular, outra, da mesma idade, que o pai botou prá fora de casa por conta do bebê, muitas senhoras que poderiam ser nossas tias, outras que contam histórias de amor com estrangeiros, as casas tão, mas tão diferentes uma da outra - tanto quanto se pode ser num conjugado onde se entra pela porta da cozinha, pq não há duas portas por apartamento.

me ficou a professora de inglês, que não olhou para a câmera, deu a entrevista de lado, e uma senhorinha, no começo do filme, falando do tempo que o edifício era barra pesada. isso, morrendo de rir. agora, que a coisa está calma, é um prédio de família, ela entristeceu.

e o síndico: começo com piaget, se não dá certo, parto pro pinochet.

sim, há o óbvio senhor cantando my way. e a menina que, de tão presa pelo pai, engravidou aos 14 e agora faz programa - aos 20 - para sustentar a filha. mas não é para acreditar muito: ela mesma admitiu que mente muito. pq tem que acreditar na mentira para poder mentir direito.

edifício master pode ser - e é - aí mesmo no seu prédio, aqui no meu. a gente chega da rua, fecha a porta, não sabe de nada do vizinho, disse o contador que serviu um lanchinho pro pessoal da filmagem. e eu assino embaixo.