trecho do testamento de Charles Lounsbury - 1897
Eu, Charles Lounsbury, em plena posse de minhas faculdades mentais, estabeleço e declaro pelo presente testamento minhas últimas vontades, a fim de, pela maneira mais justa possível, distribuir os bens que possuo neste mundo entre os homens que me sucederem...
Em primeiro lugar, deixo aos bons pais e mães, mas em custódia para seus filhos, todas as boas palavrinhas de louvor e todos os apelidos carinhosos, e encarrego os referidos pais de usá-los justa e generosamente, à proporção que as necessidades de sua prole assim o exigirem.
Deixo às crianças, exclusivamente, mas só enquanto perdurar a sua infância, todos e cada um dos dentes-de-leão e margaridas dos campos, com o direito de brincar livremente no meio deles segundo o costume infantil, prevenindo-os ao mesmo tempo contra os cardos. E lego para elas as margens amarelas dos riachos e as areias douradas por baixo de suas águas, e os aromas dos salgueiros que caem sobre as referidas águas, e as nuvens brancas que flutuam no alto, acima das árvores gigantescas.
Deixo às crianças os dias intermináveis de alegria, com mil maneiras de contentamento, e a noite e a lua e a cauda da Via Láctea para se maravilharem, sujeitos aos direitos abaixo concedidos aos amantes; e dou a cada criança o direito de escolher uma estrela que será só sua...
Aos amantes lego seu mundo imaginário, com tudo que possam vir a precisar, como as estrelas do firmamento, as rosas vermelhas pelos muros, a neve do espinheiro, os suaves acordes da música ou que quer que possam desejar que represente para ambos a permanência e a beleza do seu amor.
E para aqueles que não são mais crianças, nem jovens, nem amantes, eu deixo a lembrança...
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