A primeira Copa do Mundo sem cerveja
Está decidido.
As cidades japonesas e coreanas onde serão disputados os 64 jogos da copa do mundo 2002 não venderão bebidas alcólicas em restaurantes, bares e lojas.
A polêmica decisão é resultado de uma discussão que vinha ocorrendo desde o ano passado entre as prefeituras dessas cidades e o comércio local. Devido à transmissão para a Ásia dos campeonatos de futebol da Europa, a maioria das lojas preferiu fechar suas portas durante o torneio, abrindo mão dos lucros que teriam no período dos jogos. Tudo isso porque japoneses e coreanos (com ligas nacionais de futebol recém criadas) não estão acostumados com a violência e a indisciplina das torcidas estrangeiras, principalmente dos "hooligans" ingleses.
O órgao oficial de venda de ingressos para o Reino Unido foi acusado por entidades japonesas de descaso na segurança do evento, vendendo ingressos inclusive para torcedores já condenados por atos de violência. Os ingleses reagiram respondendo que, para eles, os japoneses dão importância exagerada aos "hooligans", enquanto na Inglaterra os "holigans" são considerados como torcedores comuns.
A polícia dos dois paises sedes da Copa promete ser rigorosa com estes torcedores, utilizando-se de sofisticadas cameras de video que acompanharão os seus movimentos desde a chegada na cidade onde serão disputadas as partidas (principalmente em Osaka, onde ficarão os ingleses), no caminho para os estádios, durante as partidas e após os jogos. A intenção é evitar o ocorrido na Copa da Franca, quando 50 pessoas saíram feridas devido a confrontos entre policiais e torcedores.
As torcidas asiáticas se assemelham muito às torcidas americanas, onde o esporte é um grande espetáculo e não existe confronto físico entre torcidas: em seis anos de Liga Japonesa Oficial, nunca houve um caso de violência registrado em partidas. O máximo que já aconteceu foi uma meia dúzia de mendigos foram "retirados" das proximidades por bebedeira. e dezoito pessoas foram presas roubando rádios de carro nos estacionamentos dos estádios.
A Copa da Paz, como vem sendo anunciada na mídia, exibirá pela primeira vez o confronto do entusiasmo ruidoso e pacífico dos asiáticos versus a fúria organizada e destrutiva de alguns estrangeiros.
Washington Post 27-01-2002
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