acho que vou escrever um blog só contando histórias do meu pai.
assim ele fica mais perto.
já não sei quantos anos faz que ele morreu. lembro um pouco do cheiro dele, da barrigona fofa onde eu gostava de deitar a cabeça, dos dedos amarelos de nicotina, do café pequeno servido em xícara grande, das pequenas manias como calçar primeiro o pé direito do sapato, da voz...
a voz...
eu nem lembro mais da voz do meu pai, mas num segundo eu reconheceria se ele me chamasse. "Ô Teeela..."
como num sonho, anos atrás, em que eu o via numa multidão e saía gritando por ele, não pai, mas pelo nome, geraldo cavalcanti! geraldo cavalcanti!
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