98 Telinha e seus gatinhos

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

7.11.01

Para Cecília, do Mario Quintana

IN MEMORIAM


I
Seus poemas desenhavam seu fino hastil
Suas corolas vibrantes como pequeninas violas
(ou era a vibração incessante dos grilos?)
Seus poemas floriam na tapeçaria ondulante dos prados
Onde os colhia a mão das eternamente amadas
(as que morreram jovens são eternamente amadas...)

II
Seus poemas,
Dentre as páginas de um seu livro,
Apareciam sempre de surpresa,
E era como se a gente descobrisse uma folha seca
Um bilhete de outrora
Uma dor esquecida
Que tem agora o lento e evanescente odor do tempo...

III
E seus poemas eram, de repente, como uma prece jamais ouvida
Que nossos lábios recitavam - ó temerosa delícia!
Como se, numa língua desconhecida,
Sem querer, falassem
da brevidade
E da
Eternidade da vida...

IV
Ah, aquela a quem seguiam os versos ondulantes como dóceis panteras
E deixava por todas as coisas o misterioso reflexo do seu sorriso;
E que na concha de suas mãos, encantada e aflita recebia
A prata das estrelas perdidas...

V
Nem tudo estará perdido
Enquanto nossos lábios não esquecerem teu nome: Cecília...